Por João Paulo Pereira, para Pragmatismo Político
Tirei parte do meu dia para ir com uma amiga à ocupação feita pelos agora moradores em situação de rua que tentaram ocupar, estabelecendo sub-moradias (barracos), no prédio abandonado que está sobre responsabilidade da Oi-Telerj (a empresa não é dona do prédio, nem do terreno), no Engenho Novo, para conversar com as pessoas e distribuir jujuba pras crianças.
Passada a distribuição dos doces, comecei a pedir que eles me contassem das suas origens, da onde vieram e suas histórias. A maioria dos ocupantes disseram ser cariocas ou moradores de municípios vizinhos, que vieram de outras comunidades por não suportarem pagar os aluguéis das casas que moravam ou por terem sido removidas pela prefeitura e, de muitas histórias semelhantes, mas não menos cruéis, estava a história do seu João.
João Batista Rosa, 47, é atualmente morador de rua e vendedor ambulante, mas nem sempre foi assim. Seu João era morador do Morro do Livramento, onde residia com sua esposa (que, agora, mora com parentes), antes de ter sua casa demolida pela Prefeitura do Rio, sem qualquer necessidade. A Prefeitura do Rio, através da Secretaria Municipal de (des)Habitação e da Subsecretaria de Reassentamento e Ações Emergenciais, fez um acordo com o seu João, antes de demolir a casa dele, aonde ele teria o direito de receber um apartamento de número 103, em um conjunto de apartamentos que foi construído em Cosmos, no subúrbio da cidade.
Ser removido forçadamente de onde se mora já é ruim, mas ficar sem onde morar ainda é pior. Seu João, meses depois do acordo e na eminência de ter sua casa, ainda no Morro do Livramento demolida, foi pedir explicações no prédio da Prefeitura. Ao questionar sobre seu apartamento, disseram pra ele que seu novo lar já estava sendo ocupado por outra família e não havia cadastro dele em nenhum programa habitacional da prefeitura. Ele, já desesperado, não aceitava sair da sede da Prefeitura sem ter seu prometido apartamento e, com isso, como tudo na cidade é feito da forma mais eficiente possível, foi retirado do prédio por guardas municipais. Sem casa, sem família e sem dinheiro.
Seu João está morando na rua há 8 meses e ninguém punirá o Eduardo Paes, nem nenhum de seu subordinados por isso.
Fotos do seu João e do documento entregue pela prefeitura referente ao apartamento:
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