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10 dicas para jornalistas que querem manter o emprego em 2014

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Manual de auto-ajuda para 2014. Veja dez conselhos que resumem o cúmulo do puxa-saquismo da grande mídia num ano eleitoral

Paulo Moreira Leite

Seguem dez conselhos para jovens profissionais em busca de promoção em 2014. A regra é separar o joio do trigo e ficar com o joio. De grande utilidade para quem faz carreira em empresas de consultoria, busca colocação em organismos internacionais, ONGs de nome exótico e muitos recursos do mercado financeiro e, é claro, redações.

1. Quando, numa digressáo histórica, falar sobre o esquema de corrupção na gestão de Celso Daniel em Santo André, não diga que os grandes empresários de ônibus da cidade pagavam propina a prefeitura do PT. Diga que os coitadinhos eram “extorquidos.”

2. Quando mais uma vez Paulinho da Força xingar Dilma Rousseff , evite mencionar levantamento da Vox Populi que mostra as intenções de voto entre os filiados ao Sindicato dos Metalúrgicos de S. Paulo, principal entidade da Força Sindical. Dados de março mostram vantagem Dilma sobre Aécio na base de 2,7 a 1. Contra Eduardo Campos, a vantagem é de 8,3 a 1.

3. Quando falar da megalomania de Lula que trouxe a Copa do Mundo para o Brasil, esqueça de mencionar que Fernando Henrique Cardoso tentou trazer a Copa de 2006 para o país – e caiu fora nas eliminatórias.

4. Quando falar da falta de confiança dos investidores internacionais, não deixe de mencionar a Economist e o Financial Times. Lembre a agência que rebaixou o Brasil. Só evite dizer que entraram 64 bilhões de dólares em investimento direto no país em 2013, contra US$ 32,8 bilhões em 2000, o melhor ano do governo FHC.

5. Quando falar de medidas impopulares, evite lembrar que a austeridade fez o desemprego europeu pular de 8% para 11,9% depois de 2008. No mesmo período, no Brasil, o desemprego caiu dos mesmos 8% para 5,1%.

6. Quando falar que a inflação está fora de controle evite mencionar que ela cresceu 9,2% em média no governo FHC, contra 5,9% depois da posse de Lula. (O pior ano do periodo foi 2003, que trazia a herança de 2002).

7. Quando engrossar a voz para falar que é preciso elevar a taxa de investimento, evite mencionar que ele cresceu 1% ao durante o governo do PSDB e 6,1% durante o governo do PT.

8. Ao mostrar simpatia pelos protestos anti-Coipa, não pare de denunciar a falta de verbas para a Educação, embora os gastos fossem de R$ 37, 1 bilhões 2002 e tenham chegado a R$ 112,3 bilhões em 2013.

9. Quando falar da eleição em Minas Gerais, evite lembrar que o atual candidato tucano ao agoverno, Pimenta da Veiga recebeu R$ 300 000 das agências de Marcos Valério. É seis vezes mais do que o deputado do PT João Paulo Cunha, primeiro condenado da AP 470. Por receber R$ 296 000, que jamais admitiu ter guardado para si, Henrique Pizzolato pegou 12 anos de prisão no STF e hoje está foragido e preso na Itália. Não deixe de mencionar as supeitas contra o deputado André Vargas, do PT, quando falar da operação Lava-Jato. Ignore que Luiz Argolo, de um partido que se aliou a Aécio, é o único parlamentar apanhado quando negociava pagamento em $$$ com o doleiro Yousseff.

10. Quando lamentar o crescimento brasileiro de 2,3%, evite mencionar que o México cresceu 1,1% e que a celebrada recuperação americana ficou em 1,9%. A Espanha enfrentou uma recessão de 1,2 negativos, a Italia ficou em 1,9 negativos também. O melhor crescimento europeu foi a Inglaterra, 1,8%. Elogie Angela Merkel sem mencionar que a Alemanha parou em 0,5%.