Categories: África

Civis matam 200 militantes do Boko Haram em confronto

Share

Grupo de civis mata 200 militantes do Boko Haram na Nigéria. Presidente do país descartou possibilidade de soltar presos da milícia em troca da libertação de meninas sequestradas há 1 mês

Cerca de 200 supostos militantes do grupo islâmico Boko Haram foram mortos por civis nesta quarta-feira (14/05), no distrito de Kala-Balge, no nordeste da Nigéria. A ação ocorreu no mesmo dia em que o presidente Goodluck Jonathan descartou a possibilidade de soltar os membros da milícia que estão presos em troca da libertação das mais de 230 meninas sequestradas há um mês, no dia 14 de abril, segundo o ministro britânico Mark Simmonds.

Leia também: Entenda o sequestro das mais de 200 meninas na Nigéria

Kala-Balge fica no estado de Borno, o mesmo onde mais de 240 meninas foram sequestradas pelo Boko Haram enquanto estavam na escola. Algumas conseguiram fugir, mas cerca de 230 permanecem desaparecidas. Borno também é o local em que, há exatamente um ano, Jonathan declarou estado de emergência como um esforço para conter a insurgência de grupos islâmicos.

De acordo com uma testemunha que falou à BBC em condição de anonimato, por razões de segurança, moradores de três vilas em Kala-Balge organizaram uma equipe vigilante para conter possíveis ataques do Boko Haram. A mesma fonte informou que a área onde ocorreu a luta entre civis e militantes ficou “coberta de corpos” e declarou ter visto 50 cadáveres em uma vila e 150 em outra. Os moradores também apreenderam três carros e um veículo militar dos membros da milícia.

A Associated Press informou que os vigilantes de Kala-Balge já esperavam um ataque do Boko Haram e, por isso, estavam prontos para combater os militantes. Além dos 200 mortos, há relatos de que os moradores prenderam dez membros do grupo, que agora são mantidos como reféns, mas a informação não foi confirmada.

Acordo negado

Na terça-feira (12), o governo nigeriano havia anunciado que poderia negociar com o Boko Haram para que as estudantes sequestradas fossem soltas, algo que os EUA aconselharam que não fosse feito. Em troca, os extremistas islâmicos queriam que membros da milícia presos pelas autoridades fossem soltos. Hoje, porém, Jonathan descartou essa possibilidade.

“Eu discuti isso com o presidente e ele deixou bem claro que não haverá negociação que envolva uma troca de prisioneiros pelas estudantes sequestradas com o Boko Haram”, afirmou Mark Simmonds, ministro do Reino Unido para a África, que está em Abuja para reuniões com Jonathan.

O governo nigeriano continua disposto a dialogar com o Boko Haram, entretanto, de acordo com Simmonds, que disse ainda que Jonathan “faz questão de continuar e facilitar a conversa em curso para encontrar um modo de chegar a uma solução duradoura para o conflito e a causa do conflito no norte da Nigéria”.

Nesta quarta, os EUA começaram a utilizar aviões tripulados e não tripulados (drones) para procurar as estudantes desaparecidas. As aeronaves não estão armadas e estão reunindo informação de inteligência que, por enquanto, não está sendo compartilhada com o governo nigeriano, até que sejam acordados os protocolos para compartilhar dados delicados.

O Boko Haram, cujo nome significa “a educação ocidental é proibida” na língua hausa, ganhou notoriedade por invadir cidades e vilas, queimando casas, saqueando bancos e postos policiais, além de matar pessoas.

Opera Mundi