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Idoso morre após ter atendimento negado na Unimed

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Três médicos que se encontravam na unidade de saúde da Unimed se recusaram a prestar socorro ao idoso, que faleceu minutos depois

Um infarto seguido de omissão de socorro registrado em imagens por populares deixou indignada a sociedade natalense na noite da última terça-feira (29).

De acordo com testemunhas que entraram em contato com Pragmatismo Político, o SAMU foi acionado para socorrer um idoso que sofreu uma parada cardíaca na calçada do Shopping Via Direta. Enquanto aguardavam a chegada da ambulância, que, segundo consta, demorou 30 minutos para aparecer, dois jovens se dirigiram para uma unidade da UNIMED localizada dentro do shopping em busca de ajuda. Lá havia três médicos, mas todos se recusaram a prestar socorro ao homem que encontrava-se em estado grave. Surpreso com a indiferença dos profissionais de saúde, um dos jovens implorou aos médicos para que realizassem apenas os primeiros socorros, como uma massagem cardíaca, mas novamente a resposta foi negativa e não houve qualquer interesse para salvar a vida do idoso.

Com desdém, o segurança da Unimed ainda sugeriu aos próprios jovens que eles mesmos fizessem a ‘massagem’ na vítima. “Ele precisa de massagem? Então, por que vocês não fazem?”, questionou, e em seguida ameaçou chamar a polícia e fechou a porta da unidade de atendimento para que populares não mais incomodassem ou pedissem ajuda aos três médicos que ali estavam. O homem infartado veio a óbito minutos depois.

Segurança fecha as portas diante do pedido de socorro dos jovens (Foto: Kauê Pereira)

Uma das testemunhas que estava no local criticou o viés mercenário que envolve boa parte da medicina contemporânea brasileira. “Pelo visto eles só atendem quem tem a carteirinha da Unimed. Talvez esse senhor tivesse a tal carteira, não se sabe, mas quando se está agonizando, numa situação de emergência, entre a vida e a morte, certamente o direito à vida, à saúde se sobrepõe a um pedaço de plástico”, desabafou.

A Unimed, que tem como slogan “O melhor plano de saúde é viver“, publicou um comunicado sobre o caso:

Comunicado da Unimed Natal (Reprodução / Facebook)

As palavras de Bezerra de Menezes, médico e escritor cearense, servem de reflexão para este episódio lamentável:

“O médico verdadeiro não tem o direito de acabar a refeição, de escolher a hora, de inquirir se é longe ou perto… O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado e achar-se fatigado ou por ser alta à noite, mau o caminho e o tempo, ficar perto ou longe do morro; o que sobretudo pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem lhe chora à porta que procure outro – esse não é médico, é negociante da medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos da formatura”

Vídeo:

Pragmatismo Político