Redação Pragmatismo
Violência 15/Mai/2014 às 17:32 COMENTÁRIOS
Violência

"Nem vi de onde a primeira porrada veio. Tive medo de morrer"

Publicado em 15 Mai, 2014 às 17h32

Inocente linchado em Araraquara recebe alta após quatro dias internado. Ajudante geral teve rosto ferido, nariz quebrado e lesões por todo o corpo

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Mauro Muniz foi linchado “por engano” (Reprodução)

O ajudante-geral Mauro Muniz, 37, linchado no domingo (11) após ser confundido com o irmão, que teria batido na mulher, recebeu alta da Santa Casa nesta quarta-feira (14) após quatro dias de internação na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

Ele teve traumatismo craniano e fraturas pelo corpo e contou que chegou a temer pela vida. “Não deu tempo nem de ver de quem eu estava apanhando, muito menos de saber por que. Só lembro que teve muita gente em cima de mim, tive medo de morrer. Foi um covardia. Estou todo quebrado”, contou.

Ainda com dificuldades para se locomover, Mauro contou que só se lembra do momento em que saiu de casa para conversar com cerca de 15 pessoas que procuravam o irmão dele, Luciano Muniz, porque ele teria agredido a esposa com socos e pontapés na rua. “Eu cheguei lá para saber o que tinha acontecido, me jogaram um banco de madeira, pedaço de tijolo e de pau, de ripa. Não falaram nada, chegaram batendo. Não tive nem como reagir. Uma menina me deu a primeira paulada na cabeça e desmaiei”, relatou Muniz.

O ajudante geral afirmou que a irmã dele, Vanessa Cristina Muniz, que também foi agredida, evitou que um homem passasse com uma moto por cima de sua cabeça. “Ela disse que tentou me defender, se jogou em cima de mim e disse que ele teria que atropelar nós dois. Ela saiu machucada também”, lamentou. Vanessa foi medicada e liberada.
Dúvidas

Muniz ainda não sabe se os agressores o confundiram com seu irmão ou se sabiam de sua inocência e queriam apenas se vingar. “Eu sou muito parecido com meu irmão, mas os que me defenderam, me falaram que as pessoas queriam me bater por eu ser irmão dele. Já que meu irmão não aparecia, eu ia apanhar no lugar dele”.

O ajudante, que teve traumatismo craniano e múltiplas fraturas, está tomando vários medicamentos e deve passar por mais uma série de exames. Ainda sem saber quando poderá voltar a trabalhar, ele apenas quer que os envolvidos sejam punidos. “Espero que a polícia faça a parte dela. Que seja feita a justiça”, completou.

Investigação

O delegado responsável pelo caso, Elton Negrini, da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), disse que sete pessoas estão envolvidas na agressão. Todos irão responder por tentativa de homicídio. A Polícia Civil pediu a prisão temporária dos cinco maiores de idade e a apreensão de dois adolescentes.

com informações de Bol e G1

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