Redação Pragmatismo
Mulheres violadas 12/Mai/2014 às 17:11 COMENTÁRIOS
Mulheres violadas

Iranianas fazem ‘selfies’ sem véu em protesto por mais liberdade

Publicado em 12 Mai, 2014 às 17h11

Em 'selfies' sem véu, iranianas protestam na web por mais liberdade. Repleta de desabafos, iniciativa foi contestada por conservadores em Teerã que querem fortalecer leis islâmicas às mulheres

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Mulheres experimentam liberdade de escolher as roupas que querem na internet (Reprodução / Facebook)

Em iniciativa inédita, jovens, mães e até idosas do Irã tiram o véu e enviam uma selfie para a página no Facebook “Stealthy Freedoms of Iranian Women” (algo como “A Liberdade furtiva das mulheres iranianas”), que já conta com quase 100 mil curtidas e vem chamando atenção da comunidade internacional.

Lançada no último 3 de maio, a página é administrada pela jornalista iraniana Masih Alinejad, exilada no Reino Unido. Na rede social, ela propõe que as iranianas enviem fotos nas quais ousem tirar seus véus, acrescentando que tal medida não pertence a nenhum grupo político, mas serve para refletir acerca das restrições sociais e legais das mulheres no país.

“Todas as garotas e mulheres iranianas passam por muitas restrições e não podem escolher livremente todos os seus trajes. Apesar das limitações, elas experimentam breves momentos de liberdade. Essa página tem, por vocação, registrar esses momentos”, afirma Alinejad na descrição da página do Facebook.

Em paisagens como o mar Cáspio, o golfo Pérsico e até mesmo na capital, Teerã, as usuárias enviam à Alinejad suas selfies, geralmente com algum desabafo ou declaração, escrito em inglês e árabe. “Eu vivi 30 anos da minha vida cobrindo meu cabelo até mesmo na presença do meu próprio pai”, relata uma delas. “Envio esta foto com muito medo, mas este medo, na verdade, é o que faz tudo isso tão belo”, conta uma iraniana. “Hoje, eu levei minha liberdade para as ruas e tirei o véu. Odeio me sentir coberta”, indigna-se outra.

No Irã, o véu é obrigatório no espaço público em todo território nacional. Segundo a lógica das leis islâmicas, as mulheres também devem cobrir seus cabelos e fazer uso de casacos. Em 2005, o Poder Judiciário do país criou uma polícia especial, chamada Gashte Ershad (ou patrulha de orientação), para fiscalizar o hijab — conjunto de vestimentas indicado pela doutrina islâmica.

Conservadores criticam liberdade de expressão

Na última quarta-feira (07/05), conservadores iranianos se reuniram na Praça Fatemi, centro de Teerã, para protestar a favor de uma vigilância mais restrita aos códigos de vestimentas e de maior respeito ao hijab no país. De acordo com o jornal Le Monde, a manifestação apresentou cartazes com frases duras e odiosas às mulheres que contrariassem as leis islâmicas, como “mortes àquelas que não usam hijab!” e “onde está a sua dignidade?”.

A manifestação também teve mensagem destinada ao presidente iraniano, Hassan Rohani, que, além de ser considerado moderado em relação ao seu antecessor, Mahmoud Ahmadinejad, também teria flexibilizado o controle de roupas das mulheres no país. “Ao usar vestes muito justas, algumas não conseguem sentar nem se levantar com facilidade. Essas trajes são, na verdade, prisões”, disse o aiatolá Naser Marakem Shirazi, segundo o New York Times. “As roupas ocidentais são desconfortáveis”, acrescentou.

Patrícia Dichtchekenian, Opera Mundi

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