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O homem que desfilou com o ‘bikini quadradão’ em Salvador

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Criador do 'bikini quadradão' diz que homem tentou chutá-lo entre as caminhadas feitas na praia, mas os aplausos e a curiosidade dos banhistas foram mais fortes

O artista visual, Yuri Tripodi, apresentou o ‘biquíni quadradão’, desenhado por ele (Reprodução)

Qual seria a sua reação se encontrasse um homem de biquíni no meio da praia? Talvez, estranharia. É justamente esse pensamento que o artista visual Yuri Tripodi resolveu quebrar quando apareceu em pleno domingo usando o ‘bikini quadradão’, peça e nome dados à sua criação.

A iniciativa do jovem, que tem chocado os banhistas que frequentam o Porto da Barra, em Salvador, é uma ferramenta da arte contemporânea para derrubar os pensamentos e as inquietações da sociedade na capital baiana. “A ideia é que o biquíni seja incorporado no cotidiano, independente do gênero, homens e mulheres, assim como sua ousadia, caráter experimental e provocativo”, disse.

Quem estimulou da criação do ‘bikini quadradão’ foi Flávio Carvalho, cenógrafo, teatrólogo, pintor, desenhista, escritor, filósofo, performer, flashmobist, músico e grande nome da geração modernista brasileira. “Em 1956, ele publicou uma série de artigos sobre moda em sua coluna no Diário de São Paulo. O personagem excêntrico na história da arte brasileira, apelidado de ‘divino louco’, idealizou o New Look, em passeata pelo centro da cidade, causando uma revolução na época”, explicou.

O traje de Flávio Carvalho era tropical composto de saiote com pregas, blusa de nylon com mangas curtas e folgadas, chapéu transparente, meias arrastão e sandálias de couro.

Um dos estímulos foi o New Look, criado pelo artista Flávio de Carvalho (Reprodução)

O próprio Yuri desenhou o projeto do “bikini quadradão” e explicou que cada forma geométrica da peça tem um significado. “A ideia é ressignificar os sentidos de pensamento quadrado e de retidão, valores, a partir da geometria, da forma do quadrado (frente do biquíni, desdobrando em três triângulos) e linhas retas (parte de trás do biquíni)”, afirmou.

Segundo Yuri, de início a intenção era apenas experimentar a roupa de banho na praia em que sempre frequenta, mas a proporção foi maior do que a esperada. “Várias pessoas me paravam no meio da praia, perguntavam o que era aquilo, onde vendia. Percebi que muitos se interessaram pelo biquíni quadradão”, contou. Mas nem todos recebiam a ideia de forma positiva. Ainda de acordo com Yuri, um homem tentou chutá-lo entre as caminhadas feitas na praia, mas os aplausos e a curiosidade dos banhistas foram mais fortes.

iBahia