Categories: Copa do Mundo

Arnaldo Jabor vai se retratar?

Share

Semanas antes do início do mundial, comentarista da Globo prometeu, em rede nacional, que haveria caos e vexame internacional no que chamou de "Copa do Medo". Ele irá se retratar?

Arnaldo Jabor prometeu “caos” na Copa 2014 (Reprodução)

Jornalismo Wando

“O mais claro sinal de que vivemos uma mutação histórica é esta Copa do Medo. Há o suspense de saber se haverá um vexame internacional que já nos ameaça. Será péssimo para tudo, para economia, transações políticas, se ficar visível com clareza sinistra nossa incompetência endêmica, secular. Nunca pensei em ver isso. O amor pelo futebol parecia-me indestrutível”

“A Copa vai revelar ao mundo nossa incompetência”

Esses pensamentos de Arnaldo Jabor (acima), produzidos no início desse mês, refletem a expectativa de grande parte da imprensa brasileira com relação a Copa do Mundo.

Desde que o Brasil foi anunciado como sede, muitas certezas foram construídas. O “caos aéreo”, por exemplo, tinha a sua convocação garantida para o grande evento. Durante anos, jornalistas e políticos oposicionistas cravavam suas previsões.

O caos aéreo era apenas um dos inúmeros problemas que revelavam a nossa incapacidade em sediar um evento desse porte. A pregação pessimista incluía também o “apagão de mão de obra”, “estádio inseguros” e “blecaute de comunicação“. Até uma “aliança entre black blocs e PCC” nas manifestações durante os jogos aterrorizou a população. Durante anos o medo do vexame na Copa do Mundo martelou no noticiário:

Muito “apagão”, muito “caos”, muita “vergonha”. O quadro pintado pela mídia nacional e, por tabela, a internacional, não poderia atiçar mais o complexo de vira-lata brasileiro.

Mas, eis que chega a Copa, e nenhuma das profecias foi cumprida. A Copa do Medo não deu as caras. Estamos no fim da primeira fase e até agora não chegamos nem perto de um caos aéreo. Muito pelo contrário. Os atrasos nos aeroportos estão abaixo da média internacional, contrariando a histeria pré-Copa. A tragédia anunciada no espaço aéreo se mostrou um grande furada, o que deixou muita gente perplexa.

Mas o mais importante de tudo é que hoje nossa imprensa está em festa. O medo do vexame deu lugar a um sentimento de “sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor”. Estádios ficaram prontos, aeroportos trabalham com eficiência, não houve blecaute de comunicação, a imprensa internacional elogia (o que é sempre fundamental!), enfim, o país está dando conta do recado e não há como negar.

Até os mais empenhados em apontar nossos defeitos tiveram que dar o braço a torcer. As profecias apocalípticas nem parecem ter naufragado, tamanha a desenvoltura com que exaltam a Copa, a alegria dos estrangeiros e a boa organização do evento.