O depoimento de um professor sobre o Brasil da Copa e falsos moralistas
Por Nílson Lage, via Facebook
Um depoimento
Meu pai carregava sacos de cimento.
Estudei em grupo escolar.
Fiz o ginásio e o científico (segundo grau) no Colégio Militar do Rio de Janeiro.
Cursei duas graduações, na Uerj e na UFRJ.
Fiz mestrado e doutorado.
Jamais paguei um tostão para estudar.
Editei jornais, dirigi redações.
Não compactuei com a ditadura nem escrevi nada de que me arrependa.
Fiz carreira acadêmica sempre por concurso.
Jamais tive padrinho.
Organizei concursos públicos também, nenhum deles fraudado.
Estou velho. Conheço o mundo. Há corrupção em toda parte.
Mas sei que não teria em outra parte as oportunidades que tive.
E não terão em outras partes as oportunidades que têm.
Vejo gente reclamando, mas as ruas estão entupidas de carros novos, os aeroportos têm mais movimento do que nunca.
No Facebook, anunciam apartamentos em Miami e em Paris.
Os pobres estão menos pobres, agora. Espalham-se as universidades. Que bom!
Quem insulta o Brasil, minha pátria, me insulta. O mínimo que posso fazer, aqui, é bloquear o canalha.
Hoje já bloqueei dois.
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