Redação Pragmatismo
Copa do Mundo 02/Jun/2014 às 17:27 COMENTÁRIOS
Copa do Mundo

Domingão do Faustão vira palanque eleitoral

Publicado em 02 Jun, 2014 às 17h27

Faustão transforma seu programa em palanque eleitoral. Apresentador ataca a Copa do Mundo, mas esquece a Rede Globo

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Faustão ataca a Copa e esquece a Globo (Reprodução)

Altamiro Borges

O apresentador Fausto Silva anda muito revoltado. Não deve ser por causa do salário, já que ele recebe uma fortuna da TV Globo e ainda tira uns “trocados” dos bilionários anunciantes. Nos últimos tempos, ele transformou o seu programa Domingão do Faustão num verdadeiro palanque eleitoral.

Neste domingo (1), segundo o site UOL, ele aproveitou para “criticar a incompetência e a corrupção no Brasil”, reforçando o complexo de vira-latas das elites tão em moda nas vésperas da abertura da Copa do Mundo. Vale conferir alguns trechos da reportagem:

“País da Copa do Mundo, mas que não conserta enchente, que dá serviço péssimo de saúde, escola de quinta categoria, que não oferece segurança. Esse é o país que quer fazer Copa do Mundo com 17 [12] cidades, mas que não faz nem com cinco”, entrou no assunto Fausto Silva, durante o ‘Domingão’, deste domingo (1). O apresentador prosseguiu com as críticas, mas pediu uma trégua à população brasileira em relação às manifestações. “O Brasil convidou mais de 600 mil estrangeiros para virem aqui. Os nossos problemas temos de resolver entre nós. Passa a Copa do Mundo e depois o pau come de novo para a gente resolver”, desabafou.

“Já que vai começar dentro dessa bagunça toda, desses estádios caros, vamos tentar fazer o melhor possível, até porque a minha avó já dizia ‘roupa suja se lava em casa’. Não dá para mostrar para o mundo inteiro que somos o país da corrupção e da incompetência. Muita gente já sabe”, completou Fausto Silva… Minutos depois, o apresentador voltou a tocar no assunto. “O Brasil dentro de campo é uma coisa. O Brasil fora é outro. O povo já percebeu. O Brasil precisa ganhar a Copa da educação, da saúde, contra o preconceito”, avaliou. “A nossa Copa do Mundo é em outubro, época das eleições”, decretou.

Já que anda tão rebelde, Faustão podia aproveitar para criticar o império midiático em que trabalha. A TV Globo é uma das maiores culpadas pelas mazelas históricas do Brasil.

Ela sempre apoiou as forças conservadoras que emperram o desenvolvimento do país. Para montar sua rede nacional de televisão, através das afiliadas, ela firmou parceria com as velhas oligarquias, montando um sistema de coronelismo eletrônico.

Em todos os momentos decisivos da história, a família Marinho se colocou contra o progresso social, a soberania nacional e a democracia. Foi contra as leis trabalhistas de Getúlio Vargas, fez campanha contra a Petrobras e sabotou os governos progressistas.

Recentemente, acuada pelos protestos de rua e os gritos de “A realidade é dura, a Rede Globo apoiou a ditadura”, o poderoso império global inclusive reconheceu oficialmente que apoiou o golpe de 1964 e a sanguinária ditadura militar, numa autocrítica meia-sola.

Faustão, tão rebelde e corajoso, poderia aproveitar esta confissão para criticar seus patrões, que fizeram fortunas exatamente neste período. Como forma de resolver os graves problemas sociais, o milionário apresentador poderia até defender a urgência de uma reforma tributária no Brasil, que retire um pouco de grana dos muitos ricos para investir em programas de superação das injustiças crônicas do país.

No mês passado, a revista Forbes publicou a lista das 15 famílias mais ricas do Brasil (veja aqui), que juntas possuem uma fortuna de US$ 122 bilhões – o equivalente a 5% de todas as riquezas produzidas no país (PIB). No topo do ranking aparece a família Marinho, dona das Organizações Globo, com uma fortuna estimada de US$ 28,9 bilhões.

No próximo “Domingão do Faustão”, o indignado apresentador bem que poderia citar os nomes dos bilionários nativos, maiores responsáveis pelas mazelas nacionais.

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