Gaza tem 46 mortes apenas neste sábado. Desde o início da ofensiva de Israel, em 8 de julho, ao menos 342 palestinos morreram. 50 mil estão desabrigados
A ofensiva israelense contra a Faixa de Gaza deixou 46 palestinos mortos neste sábado, elevando a 342 o número de vítimas em um conflito que levou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a viajar à região.
O chefe das Nações Unidas tentará ajudar na coordenação com os atores regionais e internacionais para acabar com a violência e encontrar uma saída ao conflito, de acordo com o secretário-geral adjunto para assuntos políticos da ONU, Jeffrey Feltman.
No entanto, Israel advertiu que intensificará sua operação terrestre no enclave palestino controlado pelo movimento islamita do Hamas, no 12º dia de sua ofensiva.
O Exército israelense indicou ter repelido um grupo armado palestino que tentava se infiltrar no sul de Israel através de um túnel. Um combatente foi morto e dois soldados feridos na troca de tiros.
Segundo a ONU, os civis representam mais de três quartos das vítimas.
Do lado israelense, dois soldados foram mortos neste sábado por um comando palestino que se infiltrou em Israel através de um túnel a partir de Gaza, segundo o Exército, elevando a três o número de militares mortos desde o início da ofensiva terrestre.
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“Os soldados se chamavam Adar Bersanao, de 20 anos de Nehariya e Amotz Greenberg, de 45 anos, oriundos de Hod Hasharon”, informou o Exército em um comunicado.
Um soldado israelense também morreu por “um tiro amigo”, de acordo com o Exército. Além disso, um beduíno morreu na queda de um foguete disparado a partir de Gaza, elevando a dois o número de civis israelenses mortos desde o dia 8 de julho, informou a polícia.
Na Faixa de Gaza, quatro membros de uma mesma família, entre eles duas crianças, morreram em um ataque em Beit Hanun, no norte, onde uma quinta pessoa foi morta em um outro ataque, informou à AFP o porta-voz dos serviços de emergência palestinos, Ashraf al-Qudra.
“Por mais que nos bombardeiem não vai mudar nada! É um ato criminosos! Aqui só há civis. É o terrorismo de Israel”, gritava Adnan Hachem, em frente aos escombros de sua casa.
Ainda na manhã deste sábado, os cadáveres de cinco vítimas foram encontrados em meio aos escombros de uma casa bombardeada durante esta madrugada a leste de Khan Yunes, no sul da Faixa de Gaza.
Nas primeira horas do dia, um ataque matou sete pessoas, entre elas uma mulher, na saída de uma mesquita de Khan Yunes.
Outros ataques custaram a vida de uma criança de seis anos e a de um jovem de 20 anos no norte do encrave palestino, além de uma pessoa ao norte da cidade de Gaza e de uma mulher de 25 anos em Deir al-Balah, no centro.
Uma outra vítima foi encontrada nos escombros, também em Khan Yunes, e duas pessoas feridas em bombardeios anteriores não resistiram aos ferimentos e também morreram.
No total, ao menos 342 palestinos, incluindo muitas mulheres e crianças, foram mortos desde o início da operação israelense em 8 de julho, que também fez mais de 2.400 feridos
Segundo o Centro Palestino para os Direitos Humanos, com sede em Gaza, os civis representam mais de 80% das vítimas da ofensiva, lançada por Israel para fazer parar os disparos de foguetes do movimento islamita Hamas, que controla a zona. Trata-se do conflito mais sangrento em Gaza desde 2009.
Na madrugada de quarta-feira, as autoridades israelenses lançaram uma ofensiva terrestre, uma nova fase da operação.
A Agência da ONU para ajuda aos refugiados palestinos (UNRWA) abriu 44 de suas escolas para receber os palestinos que tentam fugir dos bombardeios e indicou que mais de 50 mil pessoas necessitam de refúgio.
O Programa Mundial de Alimentos (PAM) indicou ter distribuído alimentos a 20 mil deslocados, e agora se prepara para atender 85 mil pessoas nos próximos dias.
Cerca de 70% da Faixa de Gaza continua sem eletricidade, enquanto o exército egípcio impediu neste sábado a passagem de um comboio humanitário pró-palestino pelo posto de fronteira de Rafah.
Neste contexto, centenas de ativistas pró-palestinos enfrentaram neste sábado o batalhão de choque da polícia de Paris, que tentou reprimir uma manifestação de apoio a Gaza proibida pelas autoridades francesas.
Os manifestantes lançaram pedras contra a polícia em um bairro do norte de Paris. As forças de ordem responderam com bombas de gás lacrimogêneo.
Além disso, milhares de pessoas de reuniram em Londres para pedir o fim dos bombardeios e o levantamento do bloqueio israelense contra a Faixa de Gaza.
E no norte de Israel, 1.500 árabes-israelenses protestaram contra a operação militar, segundo a polícia.
AFP