Arruda referiu-se à Ficha Limpa como "leizinha" e disse que, se eleito, botará "os médicos cubanos pra correr", em alusão ao programa Mais Médicos
O primeiro debate entre os candidatos ao governo do Distrito Federal, nesta quarta-feira (30/7), foi apimentado por polêmicas protagonizadas por José Roberto Arruda (PR), que atacou o atual governador Agnelo Queiroz (PT) e foi atacado com críticas relativas à Ficha Limpa. Sentados lado a lado, atual e ex-governador trocaram críticas e Agnelo acabou deixando a bancada antes do término do debate, depois que Arruda recebeu direito de resposta durante as considerações finais.
Sentaram-se à bancada, a partir da esquerda, Agnelo, Arruda, Toninho do Psol (PSOL), Rollemberg (PSB) e Luiz Pitiman (PSDB). Apenas a candidata Perci Marrara (PCO) não compareceu.
Devido a uma alteração nas regras do debate, proposta e aprovada por todos os participantes, acordou-se que um dos temas predefinidos ficaria de fora, devido ao limite de tempo. Esse tema foi justamente a saúde, relevante por si só, e palpitante no cenário da disputa eleitoral em voga. Rapidamente, Pitiman levantou a voz e apelou para que o tema não fosse deixado de lado. Prontamente, os outros candidatos apoiaram, visando um maciço ataque a Agnelo.
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Rollemberg atacou: “Não vou cometer a irresponsabilidade de dizer que serei secretário de saúde e que vou resolver os problemas em 6 meses”, em alusão à promessa assumida por Agnelo por ocasião de sua campanha em 2010. Pitiman criticou o programa de governo Carreta da Mulher, de atendimento itinerante. “Mulher não precisa de carreta. Precisa de hospital”, disse. Toninho pediu auditoria na secretaria de Saúde.
“Botar os cubanos pra correr”
Arruda lançou mão de seu vice, o médico e ex-secretário de Saúde Jofran Frejat, a quem o candidato do PR diz que atribuirá a responsabilidade de condução da área da saúde. No entanto, ao falar no resgate da dignidade dos profissionais de saúde, Arruda criou nova polêmica ao afirmar que, se eleito, vai “botar os médicos cubanos pra correr de Brasília”, em nítida crítica ao programa Mais Médicos, do Governo Federal. Alguns minutos depois, Toninho do Psol retomou o assunto e acusou Arruda de xenofobia e racismo contra os médicos cubanos.
Aproveitando o embalo, o socialista questionou o ex-governador sobre a contratação da empresa Alston à época de seu mandato no GDF e na secretaria de Obras quando foi construído o metrô.
Provocações sobre Ficha Limpa
Os candidatos esperaram a última etapa de perguntas livres para questionar Arruda acerca da polêmica da Ficha Limpa e a condenação em segunda instância no julgamento do mensalão do DEM. Rollemberg foi o primeiro a tocar no assunto, dirigindo a Toninho do Psol uma pergunta sobre a aplicação da lei de iniciativa popular nas eleições de 2014. Toninho e seu partido foram os responsáveis pela apresentação ao Tribunal Regional Eleitoral do DF (TRE-DF) do pedido de impugnação da candidatura de Arruda com base na Lei da Ficha Limpa. “Sinceramente, acho que só deveriam participar do processo político eleitoral os candidatos que não estivessem em curso na Lei da Ficha Limpa”, disse Toninho, dirigindo-se explicitamente a Arruda. O ex-governador afirmou que quer ser julgado pelas urnas e atacou a lei. “Sou do tempo em que se ganhava no voto, sem leizinhas feitas pra pegar esse ou aquele”, disse com pouco caso.
Arruda, então, resolveu atacar Toninho. “Agradeço sua elegância de sempre, mas eu penso diferente de você. Sou a favor da Maninha “ficha suja” participar das eleições”, provocou referindo-se à candidata a deputada distrital que teve sua candidatura contestada pela Procuradoria Regional Eleitoral (PRE-DF) por rejeição das contas relativas a recebimento de verba pública em 2005 pelo Tribunal de Contas do Paraná. Mais uma vez, Toninho dirigiu-se a Arruda com a resposta em primeira mão. “Por unanimidade, hoje todos os desembargadores aprovaram a candidatura de Maninha. Quero informar ao Arruda que lugar de corrupto é na cadeia e não fora dela”.
Agnelo não perdeu a oportunidade de desferir alguns golpes em seu principal adversário. Citando o caso da operação Caixa de Pandora, deflagrada em 2009 e que culminou na descoberta do mensalão do DEM, perguntou a Rollemberg como se sentiu diante daquele escândalo que culminou na prisão do então governador Arruda. O candidato do PSB fez coro e discorreu sobre o constrangimento que se instaurou sobre Brasília.
informações de Brasília 247. Edição: Pragmatismo