A Copa do Mundo no Brasil está mais bem organizada que as Olimpíadas de Londres. A análise é de um PhD da França em estudos sobre o futebol
Que a Copa do Mundo 2014 não se revelou nem de perto o caos prometido nos preparativos, todos já viram. Jornais como The New York Times, Le Monde e The Guardian mencionaram esta reversão de expectativas. Mas um PhD pela Universidade de Cambridge e professor de uma escola de negócios francesa (ESSCA), Dàvid Ranc, foi além e disse que a organização deste mundial é até mesmo melhor que a da reputada Olimpíadas 2012, realizada em Londres.
Em um post publicado no blog do FREE – um grupo de acadêmicos europeus que estudam futebol e sua interação com a sociedade – Ranc afirma que há um abismo entre a percepção e a realidade quando se trata de competições organizados em países no norte ou sul do planeta.
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“Sempre que um evento é organizado em um país do Sul, o discurso e a memória são de potenciais fiascos, que normalmente não se materializaram. Sempre que um evento é organizado em um país do Norte, o discurso e a memória são de sucessos, mesmo quando houve fiascos de verdade”, escreveu.
Para ilustrar seu ponto de vista, o pesquisador relembra alguns dos problemas ocorridos em Londres:
– Muitas das arenas estavam praticamente vazias e foram preenchidas com homens do exército.
– As Forças Armadas tiveram que intervir depois que a empresa contratada para cuidar da segurança, G4S, não conseguiu dar conta do recado nem recrutar mão de obra suficiente.
– O caso em que o time de futebol feminino da Coreia do Norte foi mostrado com a bandeira da Coreia do Sul, o que atrasou o início do jogo, já que o time se recusou a entrar em campo.
– A pessoa invasora que participou do desfile da Índia na abertura.
Visão distorcida
O ponto, para Ranc, não é “criticar uma olimpíada relativamente bem organizada”, mas afirmar que há uma visão distorcida no discurso da mídia do norte/ocidente em relação ao sul/oriente.
Nesta Copa, é claro, inúmeros problemas já foram reportados, mas o que o professor – que já desenvolveu um estudo de caso sobre o Corinthians na Ditadura – questiona é se os cenários pintados previamente de desorganização total do Brasil estão equilibrados com a imagem de sucesso absoluto dos jogos londrinos.
A reputação da Inglaterra foi às alturas após as Olimpíadas 2012, a ponto de surgirem boatos de que o país poderia sediar os jogos de 2016 caso o atrasado Rio de Janeiro não desse conta de apressar o passo. Os rumores foram devidamente rechaçados por todos os envolvidos.
com informações de Exame