Avião da Malaysia Airlines que caiu na Ucrânia foi abatido por míssil, dizem EUA. Malásia confirma que aeronave foi derrubada por disparo de projétil; Putin propôs à Ucrânia a criação de uma comissão conjunta de investigação
O avião da Malaysia Airlines com 295 pessoas que caiu nesta quinta-feira (17/07) foi abatido por um míssil, afirmou a inteligência dos EUA. Não há, no entanto, posicionamento a respeito da origem do ataque. O primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, também confirmou que a aeronave foi abatida. A aeronave voava de Amsterdã para Kuala Lumpur.
Autoridades ucranianas afirmaram que ação foi realizada por militantes pró-Rússia que atuam na região de Donestsk. Os manifestantes, no entanto, negam as acusações e garantem que não possuem equipamentos com poderio para realizar esse tipo de operação. As Forças Armadas da Federação Russa também negaram envolvimento no caso.
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A conclusão norte-americana é baseada em dados do sistema de radar que identificou o momento em que um sistema de míssil foca a aeronave antes da queda. Os Estados Unidos afirmam que vão analisar a trajetória do míssil para tentar identificar a origem do ataque.
O presidente russo, Vladimir Putin, atribuiu a responsabilidade do incidente ao governo ucraniano. “Obviamente o Estado em cujo território ocorreu [o incidente] tem responsabilidade por esta terrível tragédia”. Isso “não teria acontecido se houvesse paz na região”, afirmou o mandatário como informou a agência russa Itar-Tass.
Investigação
O vice-primeiro-ministro da República Popular de Donetsk, Andriy Purgin, afirmou à agência russa Interfax que as duas caixas pretas que foram encontradas pelos manifestantes pró-Rússia serão enviadas a Moscou para serem investigadas por uma equipe de “especialistas altamente qualificados que poderá determinar a causa do desastre”.
O serviço de emergência russo enviou um pedido oficial à Ucrânia para integrar uma investigação conjunta no local do acidente. De acordo com a agência RIA Novosti, não o governo ucraniano não respondeu ao pedido, mas o presidente Petro Poroshenko anunciou a formação de um comitê de investigação das causas da queda da aeronave.
O vice-presidente da Malaysia Airlines, Huib Gorter, afirmou que pelo menos 154 dos passageiros eram holandeses, 27 australianos, 23 malaios, 11 indonésios, seis britânicos, quatro alemães, quatro belgas, três filipinos e um canadense. Ainda não se sabe a nacionalidade de 47 passageiros. Todos os 15 tripulantes eram malaios. Há suspeitas de que o voo comercial também tinha cidadãos norte-americanos, mas os EUA ainda não confirmaram a informação. Dos 280 passageiros, 80 eram crianças. A lista oficial com os nomes das vítimas ainda não foi divulgada.
O secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, a aliança militar ocidental), Anders Fogh Rasmussen, pediu o “lançamento imediato de uma investigação internacional, sem qualquer impedimento, que estabeleça os fatos”.
A ONU afirmou que pedirá a realização de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança para tratar da questão.
Tensão
O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, afirmou que não se tratou de um “incidente”, nem de um “desastre”, mas de “um ato terrorista”.
Obama e Putin conversaram hoje sobre a queda do avião. De acordo com o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, o mandatário norte-americano advertiu que “etapas adicionais estarão sobre a mesa se a Rússia não mudar de rumo”.
Obama classificou o incidente de “tragédia terrível” e acrescentou que uma equipe irá determinar se havia algum norte-americano a bordo. “Esta é nossa maior prioridade”, disse. “Os Estados Unidos vão oferecer toda assistência necessária para ajudar a esclarecer o que aconteceu e por que”, disse.
Veículos russos denunciaram que a rota do avião MH17 foi a mesma feita por Vladimir Putin minutos antes, o que levantou a suspeita na Rússia de um possível plano para assassinar o presidente, que voltava da 6a. Cúpula dos Brics, Fortaleza.
Mais cedo, o governo ucraniano acusou a Rússia de derrubar um de seus aviões de guerra, modelo Su-25, o que obrigou o piloto a ejetar, segundo Andrei Lisenko, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional e Defesa ucraniano. O fato aconteceu ontem, de acordo com Kiev.
Espaço aéreo ucraniano
Após a notícia da queda do avião, uma série de companhias aéreas já informaram que estão desviando suas rotas para evitar o espaço aéreo ucraniano. Entre as empresas que já confirmaram a alteração, estão: a francesa Air France, a alemã Lufthansa, britânica British Airways, a holandesa KLM, a turca Turkish Airlines e a russa Transaero.