Redação Pragmatismo
Palestina 19/Jul/2014 às 21:44 COMENTÁRIOS
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Hamas propôs condições para paz com Israel um dia antes da invasão

Publicado em 19 Jul, 2014 às 21h44

Um dia antes da invasão, Hamas propôs 10 condições para paz duradoura com Israel

Um dia antes de o governo israelense ter decido invadir Gaza por terra, algo que não acontecia desde 2009, o Hamas entregou ao Egito uma lista com dez condições para que fosse atingida uma trégua de dez anos.

A veiculação da lista, na quarta-feira (16/07), veio após as informações de que o Hamas oficialmente rejeitava a proposta de cessar-fogo egípcia, que havia sido aceita por Israel. Grupo político que controla a Faixa de Gaza e cujo braço armado lança mísseis contra o território israelense, o Hamas afirma ter ficado à margem das negociações mediadas pelo Egito, país que mantém relações razoavelmente boas com o governo de Tel Aviv a ponto de permitir uma ligação telefônica entre o presidente egípcio, Abdel Fattah Al Sisi, e o premiê Benjamin Netanyahu para discutir a trégua, contato mantido em segredo até pouco tempo. Vale notar que o ex-general Al Sisi foi quem comandou, em 2013, o golpe militar contra o presidente Mohammed Mursi, da Irmandade Muçulmana, grupo islamita próximo ao Hamas.

Tanto o Hamas quanto o movimento palestino da Jihad Islâmica estão convencidos de que Israel participou da elaboração do cessar-fogo, motivo pelo qual foi aceito tão rapidamente por Netanyahu. Pior ainda, o Hamas afirma que ficou sabendo do rascunho de trégua através da própria imprensa, o que enxergou como uma tentativa de “humilhar’ a organização, segundo reporta o Haaretz.

O jornal israelense Maa’riv, citando fontes palestinas, afirma que a lista do Hamas foi entregue a mediadores egípcios e que a trégua duraria dez anos, caso Israel aceitasse as condições — que têm, como um dos pontos principais, uma demanda antiga de Gaza, a existência de garantias internacionais certificando o cumprimento do acordo. Não há confirmações oficiais que verifiquem o recebimento da lista por Cairo, além das declarações de Ismael Haniyeh, líder político do Hamas em Gaza; Khaled Meschaal, líder político do Hamas fora de Gaza; e Izz al Din, porta-voz das Brigadas de Al Qassam, braço armado do Hamas.

Outra fonte palestina que sustenta a lista elaborada pelo Hamas é Azmi Bishara, ex-parlamentar em Israel e ex-secretário-geral do partido árabe-israelense Balad, obrigado a deixar o país em 2007 por acusações de envolvimento com o Hezbollah. Falando em nome do Hamas para a emissora Al Jazeera, Bishara também disse ontem que Israel só aceitou a trégua humanitária de cinco horas pedida pela ONU (Organização das Nações Unidas) para legimitar bombardeios futuros, como acabou ocorrendo poucas horas depois.

A seguir, veja a lista com as dez condições apresentadas conjuntamente pelo Hamas e pelo movimento palestino da Jihad Islâmica:

• retirada dos tanques israelenses da fronteira com Gaza;
• libertação de todos os palestinos presos na operação que se seguiu à morte dos três adolescentes judeus ultraortodoxos, no final de junho;
• suspensão do cerco e abertura da fronteira para fluxo de pessoas e comércio;
• criação de um porto e um aeroporto internacionais sob supervisão da ONU;
• extensão de 10 quilômetros na zona permitida para pescaria no litoral palestino;
• internacionalizar a fronteira de Rafah (Gaza-Egito) e colocá-la sob supervisão da ONU e de nações árabes;
• presença de tropas internacionais nas fronteiras;
• flexibilizar as condições para que muçulmanos acessem para orações a Mesquita de Al Aqsa [o terceiro local mais importante na religião muçulmana e localizado na parte antiga de Jerusalém, controlada por Israel];
• proibição de interferências israelenses no processo político palestino, bem como no processo de reconciliação; e,
• restabelecer as zonas industriais de Gaza e melhorar o desenvolvimento na região

Felipe Amorim, Opera Mundi

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