Com o mundial perto do fim, já se sabe que o “não vai ter copa” se transformou em “Copa das Copas”, mas será que a mídia brasileira ainda vai pagar a conta pelo que o país deixou de ganhar?
Talvez só o julgamento do chamado “mensalão do PT” ― o mais controvertido, espetaculoso e questionável julgamento, senão de toda a história do STF, seguramente da sua história recente ― tenha recebido cobertura maior, sempre na linha unilateral defendida pela chamada “grande mídia”.
O que se viu, inclusive até à véspera do início da Copa 2014, foi a mais impressionante campanha midiática de disseminação do caos prognosticado para o país, a par de sua “comprovada” incompetência para realizar um evento daquele porte, por indisfarçável interesse político-eleitoral.
Figuras carimbadas do “jornalismo” nacional disseminaram no brasileiro que forma sua opinião a partir da difundida por seus veículos de comunicação, o sentimento de descrença, revolta, baixa autoestima e pessimismo, desvirtuando fatos, omitindo dados, criando outros.
Os grandes grupos midiáticos dispuseram-se a dançar rumba, samba, tango e rock ao mesmo tempo, para prognosticar o caos, resguardando, ao mesmo tempo, as condições possíveis (publicidade à frente) para que lhe fosse, ao contrário, comercialmente rentável. Sua equipe de “profissionais” comprazia-se em defender a ideia (no caso, a certeza) de que os estádios e aeroportos não estariam prontos, que os vândalos de extrema-direita e da pseudo-esquerda mascarados não permitiriam a realização dos jogos, muito menos a segurança dos turistas que se aventurassem a vir ao Brasil.
Para uma revista semanal de grande circulação, os estádios somente estariam prontos em 2038, a realização da Copa 2014 pelo Brasil seria uma tragédia; ideias difundidas seja por sua linha editorial, seja pela pena irresponsável, quiçá criminosa, de seus colunistas e repórteres paus-mandados.
Iniciada a Copa, os estádios e aeroportos ficaram prontos, belos, confortáveis e modernos, ao lado das demais obras de infraestrutura e mobilidade urbana. Os turistas vieram e exaltam o evento, alegres e satisfeitos por aqui estarem, com saudade quando se vão. A imprensa internacional noticia o que chamou de injustificável pessimismo da tupiniquim, quando não ridiculariza os precursores do caos. O “não vai ter copa” virou anedota, e a Copa das Copas, exaltada.
No fim das contas, a vergonha que se sente ― ao lado dos atos repugnantes da parcela da sociedade brasileira que mandou a presidenta do Brasil “tomar no c…” (um horror) e vaiou o hino do Chile (inqualificável) ― é mesmo da mídia grande brasileira, que manipula, falseia, mente, deturpa e, assim, faz mal, muito mal ao país. Aliás, será que ela vai pagar a conta pelo que o país deixou, e ainda vai deixar de ganhar, com a vinda dos turistas que, por ela assustados, não vieram?
*André Falcão é advogado e autor do Blog do André Falcão. Escreve quinzenalmente para Pragmatismo Político