Nova York, São Paulo, Sydney. Enquanto Israel continua seu bombardeio na Faixa de Gaza, as manifestações públicas de solidariedade aos palestinos se espalham pelo mundo
Em 5 de julho foi em frente à embaixada israelense em Londres, Reino Unido. Em Los Angeles, Califórnia, aconteceu no dia 8, e no dia seguinte, em Nova Iorque. Para o próximo domingo (13), já está agendado em Sydney, na Austrália, e na terça-feira, 15 de julho, em São Paulo, às 19h. Esta última, de maneira simbólica, na Praça Cinquentenário de Israel, no bairro nobre da capital paulista, Pacaembu.
Ao passo em que Israel continua seu bombardeio contra palestinos na Faixa de Gaza, ultrapassando a marca de cem pessoas mortas, em sua vasta maioria civis inocentes (incluindo crianças), o repúdio às ações do governo de Benjamin Netanyahu, assim como do seu exército e das forças de segurança israelenses nos assentamentos ilegais na Cisjordânia, se espalham por todo o mundo.
O estopim para o atual caos na região aconteceu no dia da abertura da Copa do Mundo no Brasil, em 12 de junho, quando três jovens israelenses desapareceram na Cisjordânia. O governo em Tel Aviv prontamente lançou suas tropas para a busca e o resgate dos adolescentes por diversas cidades da Cisjordânia – realizando prisões arbitrárias, invadindo e vandalizando casas, chegando ao cúmulo de incendiar a casa dos familiares de dois suspeitos de terem sequestrado os três jovens israelenses – em uma clara demonstração de “punição coletiva” a todos os palestinos pelos crimes de poucos.
Quando em 30 de junho seus corpos foram finalmente encontrados, tendo sido possivelmente executados por militantes palestinos, a reação israelense foi implacável, tanto do governo, quanto de extremistas. A primeira e mais notória vítima da “vingança israelense” foi o palestino, também adolescente de 16 anos, Abu Khdeir: sequestrado, espancado e queimado vivo.
A partir de então o confronto tomou as ruas com palestinos lançando pedras contra as forças de segurança israelenses que espancavam os manifestantes que protestavam contra o assassinato brutal do jovem Khdeir. O próximo passo foi uma troca de bombardeios entre os militantes do Hamas, em Gaza, e o exército de Israel, do outro lado do “muro da vergonha”.
A total desproporcionalidade de forças entre Israel e o Hamas é óbvia, mas não deveria nem ser levada em consideração, uma vez que um atentado contra a vida humana é sempre o mesmo, seja contra palestinos muçulmanos ou israelenses judeus. Todavia, a incrível hipocrisia da administração Netanyahu – com sua incitação à violência, à impunidade de seus militares e à total falta de consideração pela vida dos civis que estão sendo ceifadas, isola o Estado de Israel do mundo cada vez mais. Não que as autoridades se importem muito com isso, uma vez que é fácil falar grosso tendo os EUA como “irmão mais velho” há mais de 50 anos.
As demonstrações mais claras de que os protestos são contra o governo de Israel e não contra o povo israelense ou judeu se traduzem no próprio repúdio de israelenses e de judeus. O escritor Max Blumenthal, durante o protesto em Nova Iorque de dois dias atrás – primeiro em frente ao consulado israelense e depois em frente à sede da neoconservadora Fox News – discursou que os verdadeiros extremistas eram aqueles que acreditavam em um Estado israelense judeu etnicamente puro.
De qualquer maneira, as autoridades israelenses ainda culpam os próprios palestinos por colocarem civis inocentes na linha de fogo dos bombardeios, provando que jogar a culpa na vítima por ser a vítima é uma marca universal dos opressores.
Vinícius Gomes, Fórum