"Vai sobrar para ela?". Revista Veja trabalha para que os 7 a 1 sofridos contra a Alemanha sejam debitados na conta de Dilma
“Vai sobrar para ela?”, pergunta a capa de Veja desta semana, como se o resultado de uma partida de futebol (a derrota de 7 a 1 para a Alemanha no Mineirão) tivesse algo a ver com eleições presidenciais.
Antes da derrota fatídica no Mineirão, todos os presidenciáveis divulgaram imagens torcendo para a seleção brasileira. Dilma, por exemplo, usou o Twitter para imitar uma brincadeira do craque Neymar, conhecida como “É tóisss“. O tucano Aécio Neves vestiu a camisa da seleção, ao lado da esposa Letícia, assim que nasceram seus filhos gêmeos, que também ganharam uniformes da equipe. E Eduardo Campos distribuiu imagens de uma partida que assistiu ao lado do craque Romário, que é filiado ao PSB.
É do jogo. Políticos, desde que o mundo é mundo, torcem para suas seleções. Estranho seria se torcessem para equipes adversárias.
No entanto, mais do que qualquer outra publicação, Veja politiza a Copa do Mundo. Primeiro, previu caos aéreo e que os estádios ficariam prontos apenas em 2038, para que a raiva da sociedade fosse dirigida ao PT. Agora, diante do sucesso da organização do Mundial, tenta debitar na conta de Dilma o fracasso de uma equipe de futebol mal preparada para a semifinal contra a Alemanha.
O descaramento de Veja, no entanto, vai além. Ao promover sua capa desta semana no Facebook, a publicação sugere que leitores deem pontapés em Dilma, ao perguntar “Alguém arrisca um chute?” sobre o que acontecerá com Dilma no pós-Copa. A primeira resposta, da leitora Daiany Bitencourt, é emblemática: “eu queria arriscar um chute na cara dela” – um sinal de que a sutileza de Veja foi bem compreendida por seus leitores.
Na reportagem interna, a revista da Editora Abril, que enfrenta grave crise financeira e transfere títulos para a Editora Caras, também propõe que os adversários de Dilma apelem para a xenofobia, caso a Argentina de Messi supere a Alemanha na final da Copa. “Dilma, que tinha a esperança de entregar o troféu do hexa à seleção brasileira, corre o risco de ter de passá-lo às mãos dos argentinos, nossos maiores rivais no futebol, em pleno Maracanã. Uma imagem que, para azar da presidente, vale mais do que mil palavras em qualquer propaganda eleitoral.”
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