Enquanto o mundo dirige sua atenção à epidemia de ebola na África, confira 5 doenças que fazem muito mais vítimas fatais e suas respectivas causas
Kiera Butler, do Mother Jones
Dada a obsessiva cobertura da mídia sobre os dois americanos que estão sendo tratados de ebola em Atlanta, você pensaria que estamos a alguns dias de uma epidemia. Mas não. Até hoje, ninguém nunca contraiu ebola nos EUA. A probabilidade de que dois pacientes isolados irão espalhar a doença é de quase zero. Se você é obcecado por doenças, não tema o ebola — há muitas outras por aí. Conversamos com alguns especialistas sobre quais doenças eles acham mais perigosas:
Doenças transmitidas por alimentos
Patógenos como o E. coli, a salmonela, a listeria, a campilobactéria e o norovírus fazem com que, por ano, um em cada seis americanos adoeça, mandam 128.000 ao hospital e matam 3.000. Infelizmente, não há vacinas para estas doenças e o melhor jeito de preveni-las é a fiscalização das cadeias produtivas de alimentos. No entanto, cortes no orçamento americano fizeram com que as inspeções fossem sobrecarregadas. Este ano, a administração Obama cortou 262 postos de trabalho do Departamento de Agricultura e Inspeção (USDA).
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A USDA propôs novas regras que permitiriam que aviários aumentassem sua produção mesmo com o decréscimo do número de inspeções. E não é apenas a inspeção federal de alimentos que está sofrendo: um relatório do ano passado da National Environmental Health Association descobriu que os salários têm diminuido, aumento do faturamento das empresas e demissão em agências locais de inspeção. 60% das agências declararam que não obtiveram recursos suficientes para investigar surtos.
Infecções resistentes a antibióticos
Recentemente, alguns patógenos evoluíram de maneira que as drogas que costumavam matá-los já não o fazem. A OMS vê isto como uma terrível ameaça. “Uma era pós-antibiótico, onde infecções comuns e pequenos machucados poderão matar está longe de ser uma fantasia apocalípitica, mas sim uma possibilidade real para o século XXI,” observa a organização. Infecções urinárias causadas pela E. coli, resistente aos antibióticos, são cada vez mais comuns, assim como as infecções causadas pela Staphylococcus aureus — os índices dobraram entre 2003 e 2008. A OMS também mostrou que a gonorréia, que costumava responder bem aos antibióticos comuns, “pode logo ser intratável enquanto vacinas ou novas drogas não forem desenvolvidas.” De acordo com Stuart B. Levy, pesquisador e médico da Universidade de Tufts, é um mito que apenas pacientes de hospitais adquirem tais infecções. “Estas doenças podem ser pegas em qualquer lugar. A ameaça é real,” declarou.
Gripe
A maior parte dos especialistas colocou a gripe no topo da lista. William Schaffner, especialista em doenças infecciosas da Escola de Medicina da Universidade de Vanderbilt e antigo pesquisador da National Infectious Diseade Foundation, observou que a gripe mata 36.000 pessoas todos os anos e manda cerca de 200.000 aos hospitais. “Este é um problema muito sério — e que podemos ter proteção através de vacinas,” declarou. Muitas pessoas pensam que a gripe oferece perigo apenas aos mais velhos, aos doentes e às crianças, mas isto nem sempre é verdade: A última temporada de gripe foi especialmente ruim para os adultos jovens. Em um ano normal, apenas um terço dos americanos tomam as vacinas contra gripe.
HPV
79 milhões de americanos — número maior do que a soma dos habitantes da Califórnia, do Texas e de Illinois — estão infectados com o papilomavírus humano, que pode causar câncer do colo do útero, de vulva, ânus, cabeça e pescoço.
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Tal qual o sarampo, o HPV pode ser prevenido com uma vacina. Apesar da imunização — uma série de três injeções — ser recomendada pelo Comitê sobre Práticas de Imunização para pré-adolescentes e adolescentes, ela é pouco utilizada: em 2013, apenas 38 porcento das garotas e 14 porcento dos garotos receberam as três injeções. O CDC estima que um uso maior da vacina preveniria 21.000 casos de câncer relacionados ao HPV por ano. “É uma vacina anti-câncer”, declarou Schaffner.
Sarampo
Um relatório da CDC demonstra que o número de casos de sarampo disparou nos EUA em 2014: saltou de cerca de 200 casos no ano de 2013 para 600 do começo de 2014 até agosto deste ano. O sarampo pode causar doenças graves nas crianças; infecções podem levar à pneumonia e, mais raramente, à encefalite. De acordo com o CDC, uma em cada mil crianças que contrair sarampo irá morrer. Diferentemente do ebola, o sarampo pode ser facilmente prevenido com uma vacina. Este ano a disparada dos casos se deu por causa de pessoas que não foram vacinadas.