Dois questionamentos específicos colocaram Aécio Neves contra a parede na noite de ontem no Jornal Nacional. O presidenciável tucano tergiversou e não explicou o inexplicável
Paulo Nogueira, DCM
O aeroporto de Cláudio é um inferno na vida de Aécio. Foi o que se viu ontem, mais uma vez, na entrevista que ele concedeu ao Jornal Nacional.
Aécio não tem explicação porque ela, simplesmente, não existe. O aeroporto foi um uso abjeto de dinheiro público para benefícios privados da família. Como escreveu Machado, alegrias particulares são bem mais satisfatórias que alegrias públicas.
Ele se agarra desesperadamente à desculpa de que seu erro foi ter usado um aeroporto não homologado pela ANAC, a agência que regula a vida área nacional.
E aproveita para dizer que a ANAC foi incompetente ao demorar para a homologação porque está “aparelhada” pelo PT. Não, não e ainda não.
O problema não é burocrático, e sim ético e moral. Aécio usou o aeroporto de Cláudio porque facilita substancialmente suas viagens para seu “Palácio de Versalhes”. É como ele se refere à sua fazenda em Cláudio, a 6 km do aeroporto.
Não é só isso. Existe também o ponto da valorização das terras da região por conta do aeroporto. Isso beneficia Aécio diretamente, e a sua família.
Ele invoca em sua defesa a desapropriação litigiosa de parte da fazenda do tio para a construção do aeroporto.
O tio quer mais na justiça do que Minas deseja pagar. Na fala treinada de Aécio, o tio aparece quase como uma vítima. Mas um momento. E a valorização do restante da fazenda?
Bonner perguntou isso, no melhor momento da entrevista do Jornal Nacional. Aécio tergiversou. Respondeu com a metragem da fazenda: 30 alqueires. Ora, 30 alqueires podem valer x ou, alguns x, caso um benefício como um aeroporto irrompa na região.
Aécio também sofreu para responder a uma pergunta de Patrícia Poeta sobre o desenvolvimento social de Minas.
O IDH de Minas é o pior do Sudeste. Era o oitavo do Brasil, e agora é o nono. E então, onde estão os avanços sociais tão trombeteados? Nova tergiversação. Aécio falou, como sempre tem falado, no suposto avanço em educação.
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Agora que os brasileiros vão conhecendo-o melhor, vai ficando clara a semelhança entre ele e Maluf na compulsão cínica em responder a perguntas de uma forma peculiar em que você vai falando coisas que nada têm a ver com a questão.
Aécio tem agradecido aos entrevistadores quando indagam sobre o aeroporto. Fez isso na sabatina do G1 e voltou a fazer no Jornal Nacional.
Mas é um agradecimento tão fajuto quanto suas explicações para a aberração que é o aeroporto de Cláudio.