Jovem negra que namora um rapaz branco sofre enxurrada de ataques racistas no Facebook após a publicação de uma simples imagem
Um casal que reside na cidade de Muriaé, Zona da Mata de Minas Gerais, foi vítima de comentários racistas após a publicação de uma imagem no Facebook.
A jovem negra D.M, que namora L.F, um rapaz branco, postou uma foto que é considerada habitual entre os frequentadores de redes sociais no Brasil. A imagem retrata tão somente a demonstração de afeto entre um casal. No entanto, o que deveria ser normal se transformou em um manancial de ódio e de deboche criminoso.
Alguns comentários sugeriram que D.M seria uma escrava por namorar um rapaz branco. “Onde o rapaz teria comprado a escrava?”, questionou um perfil, que recebeu apoio: “O casal parece que está na senzala”. “Se mexer vira nescau”, publicou um outro internauta já identificado pela Polícia Civil.
As ofensas começaram na semana passada, assim que ela publicou a foto. E, para evitar maiores constrangimentos, ela desativou sua conta na rede social. “Minha família e a do meu namorado são muito rígidas e achei melhor tirar minha página do facebook do ar. Estavam surgindo muitos pedidos de amizade, e pessoas da imprensa também começaram a ligar”.
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Antes de desativar a conta, D.M postou uma mensagem no Facebook lamentando as manifestações racistas que se sucederam após a publicação da imagem. “Haverá racismo enquanto as pessoas não entenderem que por dentro somos todos iguais”, afirmou.
Democracia racial?
O caso ilustra que não houve outra motivação para os ataques a não ser a cor da pele, contrariando aqueles que ainda insistem em duvidar da existência de racismo no Brasil. D.M sofreu preconceito racial puro e indiscriminado.
A página Pretinho do Poder repercutiu o caso nas redes sociais. Até o fechamento desta edição, mais de 146 mil curtidas e 18 mil compartilhamentos foram registrados.
A Polícia Civil informou que deverá iniciar a apuração dos fatos e instaurar inquérito assim que o casal formalizar a denúncia e registrar a ocorrência.
Atualização. Polícia Civil começa a investigar o caso. Saiba mais aqui.