Categories: Mídia desonesta

Cê que pensa; o povo vê!

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Será que pensa que o povo é incapaz de discernir quando o fato é criado, ou amplificado, ou omitido para prejudicar o governo a que faz escancarada oposição, beneficiando, por via transversa — ou por via direta, conforme o caso —, o candidato de sua preferência?

André Falcão*

Será que a mídia grande realmente acha que o povo brasileiro é tão idiota ao ponto de não ver a manipulação pretendida e embutida em suas matérias e reportagens?
Será que pensa que é incapaz de discernir quando o fato é criado, ou amplificado, ou omitido para prejudicar o governo a que faz escancarada oposição, beneficiando, por via transversa — ou por via direta, conforme o caso —, o candidato de sua preferência?

Disse-me uma amiga psicóloga, certa vez, que a maldade emburrece. Verdade: em regra o mal é burro na condução do personagem e das mentiras que encampa e defende. E decerto isto explique o porquê de o povo brasileiro, inobstante sujeito diuturna e ininterruptamente a essa desavergonhada tentativa de manipulação capitaneada pela mídia grande do Brasil, persista, em sua grande maioria, com lucidez de discernimento, preservadas suas argúcia e perspicácia. É decerto essa capacidade de ver e de sentir o odor desse jornalismo-lixo que explique a mantença da candidatura da presidenta Dilma à frente na corrida à reeleição à presidência da república, e o descrédito do povo brasileiro consolidando-se em relação aos grandes grupos midiáticos do país.

Alguns exemplos: veja-se o caso do chamado mensalão do PT: Cobertura diária dos grandes grupos midiáticos, espetacularizada e partidarizada; já quanto ao mensalão do PSDB, anterior àquele, fartamente documentado, o que se viu? Um manto negro, pesado, intransponível à luz colocado sobre o dito cujo, seus partícipes e envolvidos.

Recentemente, um helicóptero de propriedade de político ligado a Aécio Neves foi apreendido com meia tonelada de cocaína. Embora no chão, a mídia o deixou em brancas nuvens (trocadilho, ou não, ao seu critério, leitor).

A descoberta de dois aeroportos: um em Cláudio, município de 25 mil habitantes, e agora há pouco um outro, em Montezuma, ainda menor, de 9 mil habitantes, ambos muito próximos à fazenda da família do mesmo Aécio.

Esses três fatos, porque em tese graves, envolvessem algum candidato que apenas apoiasse a presidenta Dilma, ocupariam todas as atenções do grande circo midiático. Mas é melhor dar manchetes, destaques, espaço e tempo ao hilário “escândalo da Wikipédia”, em que perfis de dois jornalistas teriam sido alterados naquela enciclopédia virtual por alguém em um computador “do Planalto”, ou “da Presidência” ou “de uma rede pública de wi-fi”.

Nem se sabe, mas a grande mídia ficou (e ainda está) em alvoroço. Dá pra não ver?

*André Falcão é advogado e autor do Blog do André Falcão. Escreve quinzenalmente para Pragmatismo Político