Redação Pragmatismo
Racismo não 22/Ago/2014 às 10:39 COMENTÁRIOS
Racismo não

A segregação racial nos EUA

Publicado em 22 Ago, 2014 às 10h39

Brancos e negros ainda vivem separados nos EUA? A distância entre as raças vem diminuindo lentamente desde os anos 70, mas ainda está longe de acabar

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Segregação racial diminui, mas ainda sobrevive nos EUA (Imagem: Pragmatismo Político)

No dia 28 de agosto de 1963, o pastor batista Martin Luther King fez um discurso em Washington, nos Estados Unidos, que entrou para a história: em frente a uma multidão de 250 mil pessoas, ele pediu o fim da desigualdade racial.

“Não estaremos satisfeitos enquanto a mobilidade básica do negro for apenas de um gueto menor para um maior”, disse.

Luther King havia se tornado naquele momento um baluarte dos direitos civis dos Estados Unidos, uma voz poderosa que clamava por um país onde não existiriam divisões raciais.

Cinco décadas depois, os Estados Unidos mudaram e a distância que separa os negros dos brancos diminuiu.

Mas as tensões raciais permanecem subjacentes, à espera de episódios como o ocorrido em Ferguson para voltar à tona.

VEJA TAMBÉM: 5 elementos para entender a desigualdade racial nos EUA

Subúrbio pobre do Estado americano do Missouri, Ferguson foi palco da morte de Michael Brown, de 18 anos, por um policial branco na semana passada. O jovem estaria desarmado.

A morte de Brown causou revolta e desencadeou uma onda de protestos, à luz da polarização racial ainda existente no país.

Na terça-feira, um segundo jovem negro foi morto, adicionando maior comoção à reação popular.

Alta segregação

Mas, há três décadas, Ferguson era um lugar de maioria branca. Em 1980, segundo dados do Censo americano, 85% de seus habitantes declaravam-se brancos.

Mas progressivamente os brancos de Ferguson foram deixando a cidade e hoje a proporção racial da população se inverteu: de seus 21 mil habitantes, 15 mil são negros.

Ferguson não é um caso isolado nos Estados Unidos e, à medida que mais negros deixam as cidades para se estabelecer nos subúrbios, é comum ver bairros ou mesmo cidades americanas onde eles têm um peso importante no contexto populacional.

“Tem havido uma ‘suburbanização’ da população negra e muitos subúrbios que eram comunidades predominantemente brancas agora são mistas ou negras”, disse o serviço em espanhol da BBC, Reynolds Farley, especialista em demografia da Universidade de Michigan.

Um estudo de 2011 da Universidade de Brown, em Rhode Island, analisou a composição média dos bairros americanos e constatou que o “branco típico” do país vive em um bairro onde 75% da população é branca e 8% é negra.

Já o típico negro, por sua vez, vive em um bairro onde 45% pertencem à sua raça e 35% são brancos.

Uma das conclusões do estudo, chamado A persistência da segregação na metrópole, é que negros e brancos têm relativamente poucos vizinhos de outra raça em seus próprios bairros.

“A segregação entre negros e brancos permanece ainda muito elevada”, diz o estudo. O documento mostra, no entanto, que a distância entre as raças vem diminuindo lentamente desde os anos 70.

Duas das razões para esse declínio são os movimentos migratórios da população negra para áreas menos segregadas do país ou para os subúrbios.

Na mesma pesquisa, fica claro que San Luis, a maior cidade de Ferguson, se situava em 2010 como uma das áreas metropolitanas mais segregadas dos Estados Unidos.

Thomas Sparrow, Texas, BBC

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