Banco Central, Presidente?
André Falcão*
Não tenho como esperar algo de auspicioso de uma candidata que tem como principal financiador de sua campanha o segundo maior banco privado brasileiro e, na sua coordenação, um de seus proprietários. Menos ainda quando esse banco deve ao país em torno de 18 bilhões de reais — ela, por sua vez, é dona de quase 2% da mesma instituição; faça as contas de quanto, sozinha, é devedora.
Não tenho como sequer cogitar de ter como presidenta uma senhora que, ao contrário do que sempre defendeu, agora pretende tornar o Banco Central independente.
Você sabe o que significa uma política de Estado Mínimo?
Aumento dos juros e do superávit primário, redução de salários e benefícios previdenciários, flexibilização de direitos trabalhistas, cortes de orçamento das políticas sociais, aumento nas tarifas públicas, retorno da ALCA (ou de outra aliança nos mesmo moldes), e por aí afora.
Definitivamente não quero presidente alguém que de um lado diz que vai manter os programas sociais, enquanto defende um papel menor na economia para o Pré-Sal e para os Bancos Públicos, além do fim da Justiça do Trabalho. Jesus, Maria, José! O que teria acontecido nesse país sem os programas do governo, e sem os Bancos Públicos a torná-los realidade?
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Foram retirados da miséria absoluta mais de 35 milhões de irmãos brasileiros; mais de 42 milhões foram alçadas à classe média; 18 universidades federais foram criadas, mais de 550 escolas técnicas; cerca de 8 milhões de jovens e adultos atendidos pelo PRONATEC, 3 milhões pelo ProUni e FIES, 83 mil estudantes no Ciência sem Fronteiras; mais de 400 mil beneficiários do Bolsa-Família tornaram-se microempreendedores individuais; só nos últimos cinco anos 3,5 milhões de casas construídas através do Minha Casa Minha Vida, 40 mil obras já foram realizadas com os PAC – Programa de Aceleração do Crescimento 1 e 2!
O Bolsa Família, que na visão preconceituosa, egoísta, reacionária e elitista não presta, elevou o país a condição de exemplo para o mundo no combate à pobreza, segundo a ONU.
O programa de Marina (leia-o!) permitirá continuemos avançando?
O Brasil fez isto em míseros 12 anos, criando mais de 15 milhões de empregos (enquanto a Europa rica e os EUA perderam mais de 60 milhões de postos de trabalho), com a inflação há 12 anos na meta e o poder de compra do trabalhador seguindo aumentando.
E eu vou querer um banco me governando à direita, sob a condução de pastores religiosos reacionários, homofóbicos e atrasados?
Pô! Prestenção, rapá!
*André Falcão é advogado e autor do Blog do André Falcão. Escreve semanalmente para Pragmatismo Político