Redação Pragmatismo
Eleições 2014 25/Set/2014 às 14:48 COMENTÁRIOS
Eleições 2014

A entrevista de Marina Silva no Bom Dia Brasil

Publicado em 25 Set, 2014 às 14h48

Diferente do que ocorreu com Aécio e Dilma, Marina Silva teve facilidade na entrevista ao Bom Dia Brasil, mas não conseguiu detalhar suas promessas de forma concreta

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Enquanto Dilma Rousseff (PT) foi interrompida diversas vezes e Aécio Neves (PSDB) foi duramente criticado, Marina Silva (PSB) encontrou mais tranquilidade no Bom Dia Brasil, programa matutino da TV Globo. Nesta quinta-feira 25, em entrevista de 30 minutos, a ex-senadora teve facilidade para expor os conceitos que embasam sua candidatura sem, no entanto, apresentar propostas detalhadas a respeito de como pretende colocar em prática as mudanças que promete.

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Durante a entrevista, ficou claro que os entrevistadores queriam informações concretas de Marina. A apresentadora Ana Paula Araújo pediu “uma definição melhor” de sua proposta tributária, enquanto seu colega Chico Pinheiro afirmou que era “mais fácil falar do que fazer” sobre as medidas econômicas. Ainda assim, Marina encontrou bastante espaço para expor conceitos sem entrar no mérito de como eles serão adotados por seu governo.

Marina afirmou que não vai mexer na CLT, a Consolidação das Leis do Trabalho, mas prometeu trabalhar para aumentar a formalização e os direitos dos trabalhadores terceirizados, sem explicitar de que forma isso se dará. Questionada sobre possíveis disputas políticas entre ambientalistas e ruralistas, Marina disse que o “conflito deve ser manejado” e que economia e ecologia precisam ser conciliadas. Sobre a retomada do chamado “tripé econômico” – meta de inflação, superávit fiscal e câmbio flutuante – Marina disse que cabia à sociedade escolher um governante que dê credibilidade ao País e criticou a presidenta Dilma Rousseff por “se aventurar”. Segundo ela, a forma de conciliar as contradições intrínsecas ao tripé seria cortar gastos ineficientes, como os extras e aditamentos em obras como a transposição do rio São Francisco e da usina de Belo Monte.

Marina voltou a falar na criação de um Conselho de Responsabilidade Fiscal, mas não conseguiu explicar de que forma este órgão seria diferente do já existente Tribunal de Contas da União. A candidata do PSB também não disse de que forma vai diminuir o papel dos bancos públicos, como o Banco do Brasil e a Caixa, na economia. Segundo ela, o tamanho dessa diminuição está “em discussão”. Marina disse que as duas instituições vão continuar a financiar o Minha Casa Minha Vida, a agricultura e outros “bons investimentos”, mas que os partidos não teriam mais seus quinhões nesses bancos, como ocorre hoje por meio de indicações políticas para diretorias. Marina também criticou a política de “campeãs nacionais” do BNDES sob o governo Dilma, que selecionou determinadas empresas para receber empréstimos de baixo custo. “No BNDES se tirou dinheiro do contribuinte para dar a meia dúzia de empresas”, afirmou Marina.

Marina foi mais específica ao tratar sobre questões tributárias. A candidata do PSB disse que não vai tirar incentivos dados a determinadas indústrias, como a automobilística, mas prometeu “qualificá-los”. No caso das fabricantes de veículos, Marina sugeriu que essas empresas serão obrigadas a cumprir novas metas ambientais e de qualidade de produtos em contrapartida aos incentivos estatais. Marina também prometeu enviar ao Congresso, no primeiro mês de seu governo, uma reforma tributária baseada nos princípios de “justiça tributária”, “transparência” e “simplificação”.

A candidata do PSB rejeitou a pecha de “fragilidade” atribuída a ela por alguns críticos. Questionada sobre ter chorado em entrevista recente, quando confrontada com críticas feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marina disse ter se lembrado do orgulho que ela e as filhas tinham de usar as cores do partido, sentimento que se esvaiu desde sua saída da sigla, em 2009. “Eu sou uma pessoa sensível, mas não se pode confundir sensibilidade com fraqueza”, afirmou.

José Antonio Lima, CartaCapital

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