André Falcão
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Mídia desonesta 24/Set/2014 às 11:12 COMENTÁRIOS
Mídia desonesta

A grande mídia do Brasil

André Falcão André Falcão
Publicado em 24 Set, 2014 às 11h12
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André Falcão*

Outro dia um amigo juiz do trabalho — que como tal decerto muito se preocupou com o rápido crescimento de Marina nas pesquisas, ao sabor da comoção pela morte de Eduardo Campos, agora menos, porque vindo à lume as contradições (e intenções) da candidata, a queda que experimenta soa irreversível — dizia-me que a imprensa no Brasil não é o Quarto Poder, mas “O” Poder.

Verdade. A unicidade de opinião é uma razão. O brasileiro médio ― que tem a sua formada a partir daquela, única, da grande mídia ― passa a ser mero propagador do que ouve, lê e vê, acreditando em tudo que é divulgado ou opinado pela mídia, para ele autêntica personificação da imprensa livre que ela própria, sintomaticamente, alardeia.

O mais danoso, porém, é que a mídia no Brasil vai além: posa de imparcial (como se o jornalismo fosse imparcial), mas além de atuar com até escancarada parcialidade, não raro deturpa, manipula, inventa, mente.

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Na política, o principal alvo dessa mídia são os governos Lula e Dilma, seu partido, o PT, e os aliados, inclusive os pragmaticamente mais afinados à política governamental, caso do PCdoB, por exemplo, nas pessoas do ex-ministro Orlando Silva ― acusado criminosamente da prática de crime, mas que, inocentado das acusações plantadas nessa mesma mídia, não mereceu mais do que um registro de pé de página ―, e do ministro Aldo Rebelo.

Nunca se bateu tanto em um governo, como a mídia grande nos governos Lula e Dilma. Um jornalista tem seu histórico alterado na Wikipédia (enciclopédia na internet alimentada por qualquer um que deseje fazê-lo) por um funcionário do poder executivo (ao depois demitido), via computador situado no Palácio do Planalto. Era “o” assunto.

Entretanto, aeroportos são construídos com verba pública em terras da família de Aécio Neves, helicóptero de político a ele ligado é apreendido com cavalar quantidade de cocaína, enquanto o avião da campanha de Eduardo e Marina é propriedade de um laranja, e a candidata, que se diz representante de uma “nova política” e escolhida por Deus para nele não ter embarcado ― Eduardo então não estava com o mesmo prestígio com o Salvador ―, nada sabe explicar a respeito. Nenhum desses fatos tem ou teve a menor repercussão.

O problema, caro(a) leitor(a), é que eleição não é futebol. Aqui não dá pra aplaudir quando o juiz estranhamente marca um pênalti inexistente a favor do seu time e você “jura” que ele marcou certo. Uma mídia assim não é ruim só para um partido ou um governo. É ruim pra você.

*André Falcão é advogado e autor do Blog do André Falcão. Escreve semanalmente para Pragmatismo Político

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