Os eleitores de Marina e o analfabetismo político
No Brasil, os analfabetos políticos não são poucos, se proliferam cada vez mais e estão em todas as categorias profissionais, do mais baixo ao mais alto estágio didático formal
As mais recentes pesquisas do Datafolha e do Ibope mostram que os eleitores de Marina Silva são, essencialmente, os desiludidos com a política – aqueles que, antes da trágica morte do ex-presidenciável Eduardo Campos, se propunham a votar nulo ou em branco.
São, certamente, em sua maioria jovens e estão colocados como os de maior escolaridade. É aí que entra a questão fundamental: é necessário separar escolaridade de politização.
Ter mais estudo, infelizmente, nem sempre quer dizer ser mais politizado. Tal contradição mostra também que muitos experts em suas áreas profissionais são também analfabetos políticos.
No Brasil, os analfabetos políticos não são poucos, se proliferam cada vez mais e estão em todas as categorias profissionais, do mais baixo ao mais alto estágio didático formal.
Ou seja, um pedreiro ou um encanador podem ser tão analfabetos políticos quanto doutores em engenharia ou medicina.
Isto ocorre porque é quase inviável alguém se aprimorar em mais de uma frente, ou seja, na sua profissão e no vivenciamento da política em toda a extensão que o termo suscita: tanto na convivência normal do dia-a-dia, como na absorção dos entremeios da política partidária.
A compreensão do processo histórico e político está ao alcance de todos, independentemente do nível de qualificação profissional de uma pessoa.
De forma sintética e somente enfocando os pontos essenciais, o aprendizado político deve beneficiar do homem mais simples (intelectual e socialmente) ao mais sofisticado.
Por fim, surge o dilema crucial: qual a medida certa para se determinar onde se situa ou não o analfabetismo político? Para começar a desvendar este mistério tão recorrente, são produtivos os esforços conceituais em torno do que seja esquerda, direita e centro num país como o Brasil.