Jovem diz que não queria ofender, mas não falou em "arrependimento" e nem manifestou intenção de pedir desculpas ao goleiro Aranha
A torcedora Patrícia Moreira, flagrada pelas câmeras de transmissão do jogo entre Grêmio e Santos, na última quinta-feira, chamando o goleiro Aranha de ‘macaco’ não negou as palavras. Em depoimento que durou menos de uma hora nesta quinta, a jovem de 23 anos admitiu as palavras contra o camisa 1 santista. Porém, descartou que tivesse intenção racista.
“Ela admitiu que estava no local e que disse aquelas palavras. Mas negou que tenha intenção racista. Segundo ela, ‘foi no embalo’ da torcida. Há hinos, músicas que falam ‘macaco’ na torcida do Grêmio. Todos estavam falando e ela falou também”, disse o chefe das delegacias regionais de Porto Alegre, delegado Cleber Ferreira, em entrevista coletiva após o depoimento da jovem.
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Segundo o delegado, a jovem não usou o termo “arrependida” e nem manifestou intenção de pedir desculpas ao goleiro Aranha. Patrícia também relatou as ameaças sofridas após o episódio, que motivaram um reforço no esquema de segurança da polícia para sua chegada na delegacia. As declarações da jovem serão adicionadas ao inquérito, que podem resultar no indiciamento de Patrícia pelo crime de injúria racial.
Se indiciada, julgada e considerada culpada, o crime de injúria racial cabe fiança e a pena vai de 1 a 3 anos de detenção.
Na saída da 4ª DP, Patrícia foi protegida pelo irmão, pelo chefe de investigações da 4ªDP e por policiais do Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil. Ela deixou o local sob gritos de protesto de jovens do movimento União de Negros pela Igualdade (unegro), que se manifestaram segurando uma faixa que dizia “Rebele-se contra o racismo”.
Grêmio punido
Na quarta-feira, o Grêmio foi julgado no STJD e punido com a exclusão da Copa do Brasil por conta dos atos racistas dos torcedores. Em decisão unânime, o clube ainda recebeu uma multa total de R$ 54 mil, e as pessoas que foram identificadas xingando o jogador foram proibidas de entrar em estádios por 720 dias. O árbitro Wilton Pereira Sampaio (Fifa-GO) foi multado em R$ 1.600 e suspenso por 90 dias por não relatar o incidente na versão inicial da súmula, e os auxiliares também foram punidos por esse motivo (multa de R$ 1 mil e suspensão de dois meses).
Vídeo da chegada de Patrícia Moreira na delegacia:
com informações de Zero Hora e Folhapress