Para Financial Times, ligação do nome de Aécio Neves com privilégios e “elitismo afortunado” torna improvável sua vitória, até mesmo eventual passagem ao segundo turno
Vinícus Gomes, Fórum
No mesmo dia em que o The Guardian publicou texto destacando que a possibilidade de vitória de Dilma Rousseff (PT) vem dos investimentos sociais realizados pelo seu partido nos últimos doze anos – resultando em avanços econômicos para as classes mais pobres do Brasil -, outro jornal britânico, o Financial Times, fez uma análise semelhante, mas partindo de outro prisma: o de que a vitória de Aécio Neves (PSDB) é improvável por, ironicamente, ter seu nome associado a “privilégios e elitismo afortunado”, até mesmo para avançar ao segundo turno.
Quem assina o artigo é Samantha Pearson, correspondente no Brasil do periódico econômico do Reino Unido. Ela, mostrando que sua análise que liga o tucano à elite não é simplista, inicia o texto apontando que “o palácio de onde Aécio Neves governou o estado mineiro por quase uma década é, literalmente, perfeito para um rei. Suntuosos lustres de cristais, quadros da Revolução Francesa e móveis que remetem à época do rei Luís XV agora permeiam o prédio, após este ter sido completamente redecorado para receber a família real da Bélgica, em 1920″. Pearson não chegou, todavia, a fazer uma associação entre o Palácio da Liberdade (antiga sede do governo de Minas) e a fazenda que Aécio possui no famoso – e controverso – município de Cláudio, a qual ele chama de seu “Palácio de Versalhes”.
Pearson sugere ainda o dilema que está diante do tucano e de seu partido nos próximos dias – e semanas, caso não passe para o segundo turno: “Depois da recente recuperação nas pesquisas desta semana, Neves tem chances reais de vencer Marina Silva e ir para o segundo turno. Mas, dadas suas chances menores de ganhar no segundo turno, ele poderia, paradoxalmente, garantir a vitória de Dilma Rousseff”, escreve a correspondente. Enquanto as pesquisas mostram que 70% dos eleitores de Aécio transferirão seus votos, no segundo turno, para Marina, apenas 30% dos eleitores da pessebista farão o mesmo com o tucano, “sugerindo que Aécio precisa perder no primeiro turno para que seu partido tire seu rival [PT] do governo”.
Com essa informação, Pearson conclui, reproduzindo a fala da David Fleischer, cientista político da Universidade de Brasília: “Para o PSDB, o principal objetivo é derrotar Dilma e o objetivo número dois é eleger Aécio”.
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