A importância da continuidade administrativa num país como o Brasil
No Brasil, ainda repleto de desigualdades sociais, todo governo devia ser uma sequência do anterior, independentemente de qual partido esteja no comando. O acirramento político, no entanto, deturpa esse sentido utilitário da continuidade administrativa
Não se reinventa a roda. Todo governo devia ser uma sequência do anterior, independentemente de qual partido esteja no comando. No Brasil, ainda repleto de desigualdades sociais, cada governante procura fazer o máximo, excetuando-se os casos de pura megalomania, quando o gestor, por mera vaidade, abdica até de compartilhar com seu(s) antecessor(es) o mérito de haver concluído obras importantes.
Portanto, o normal é realizar o que não pôde se feito anteriormente (não necessariamente no tocante às obras inconclusas), dando prosseguimento aos benefícios para a sociedade.
O acirramento político, no entanto (e infelizmente), deturpa esse sentido utilitário da continuidade administrativa. Cada partido valoriza o que fez e deprecia os partidos adversários pelo que não fizeram.
Uma nova filosofia de gestão pública, baseada primordialmente nos critérios técnicos, adaptados àquele sopro humanista que não pode faltar e imune às amarras da política convencional, representaria, de fato, o NOVO TEMPO que todos os homens públicos “viciados” proclamam como obra que assinarão como sua. Contudo, nenhum deles reúne condições para se autodenominar agente dessa inédita era.
Nem Marina é o NOVO; nem Aécio, Lula e Dilma são o novo. Se se empenharem bastante, poderão alçar à condição de arautos da nova política. Por enquanto, os menos velhos e, por conseguinte, os mais credenciados a se tornarem anunciadores do tão propalado novo tempo da política são Lula e Dilma.
Em palavras mais claras: as grandes novidades da política brasileira, de cinquenta anos para cá, foram Lula e Dilma, queira ou não a grande mídia brasileira.