Dilma e Aécio. Duas histórias antagônicas de vida e modelos bastante distintos de enxergar o mundo se enfrentam neste segundo turno das eleições presidenciais de 2014
André Falcão*
De um lado, um ex-garotão neto de político tradicional mineiro, de carreira forjada à sombra do pai e avô no exercício de cargos comissionados: aos 17 anos, nomeado secretário de gabinete de seu pai, deputado da então Arena; aos 25 anos, com um ano de formado, nomeado diretor de loterias da Caixa Econômica. Meritocracia, pois.
Governador, conquistou vários títulos para MG: pior salário de médico do país, de delegado e de professor; pior IDH e maior taxa de mortalidade infantil do Sudeste, 20º PIB que menos cresceu dos 27 estados, maior alíquota de ICMS das contas de luz do país. Contratou 98 mil servidores sem concurso, mais que dobrou a dívida de Minas, teve pífio desempenho no Senado. Ah! Elogiava Lula, e foi com a comitiva buscar a Copa para o país.
Impediu que 70 CPIs fossem instaladas, tentou censurar o Google, e processa 66 blogueiros que opinam ou divulgam o que lhe desagrada.
Constituinte, votou contra a estabilidade do trabalhador e contra a jornada limitada a 40h semanais.Tem em Armínio Fraga, o ex-ministro de FHC das taxas de juros a 45%, o ministro da economia de seu sonhado governo (toc-toc-toc). Para AF, o valor do salário mínimo está alto, há bancos públicos demais e é necessário enxugar os gastos públicos. Entenda-se: corte nos programas sociais, mais privatização (ainda resta alguma coisa que escapou da sanha de FHC, como a Petrobrás, o BB, a CAIXA), instauração de programas de demissão voluntária, redução de concursos públicos, e por aí vai. Naturalmente, as taxas de juros terão que aumentar, afinal os bancos privados precisam.
O governo mineiro e a COMPASA, na gestão de Aécio, são investigados em suposto desvio de R$ 4,3 bi da saúde, e teve seu nome de algum modo envolvido com os proprietários do helicóptero apreendido com meia tonelada(!) de cocaína e com a construção dos aeroportos em terras de sua família, próximas ao local onde antes pousara a aeronave. É um dos grandes quadros do PSDB, partido que vendeu a preço de banana a maior empresa de mineração do mundo (a Vale do Rio Doce), mais de 100 estatais, é um dos campeões em corrupção e, talvez por isto, protagoniza os dez maiores escândalos da história brasileira (carro-chefe: A Privataria Tucana ― leia o livro homônimo), devidamente escamoteados, claro, pela grande mídia.
Do outro lado? Dilma e o governo que vence a crise mundial e a fome, o povo exalta, a corrupção é combatida (como jamais, antes), e outros, afogados em sua ignorância, hipocrisia e preconceito, odeiam.
*André Falcão é advogado e autor do Blog do André Falcão. Escreve semanalmente para Pragmatismo Político
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