Troca de farpas e acusações entre presidenciáveis marcam debate do SBT. Distantes de temas propositivos, Dilma e Aécio protagonizaram debate baixo e deplorável
Igor Carvalho, Revista Fórum
O SBT promoveu, nesta quinta-feira (16), o segundo debate do segundo turno entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), postulantes à presidência da República. O tom do encontro, assim como no primeiro, na TV Bandeirantes, foi de ataques diretos entre as candidaturas.
Durante todo o debate, o tema corrupção foi lembrado. Mesmo quando as perguntas não eram sobre esse assunto, os candidatos o traziam à tona. Dilma mais uma vez enumerou os escândalos envolvendo tucanos, que seguem sem que os culpados sejam apresentados. Aécio, por sua vez, tentou fugir de análises sobre sua gestão em Minas Gerais e voltou a falar no caso Petrobras.
Primeiro bloco
Na abertura do bloco, Aécio quis saber de quem era a responsabilidade por tantos desvios na Petrobras. Dilma lembrou que a Polícia Federal “diferente do passado, investiga, diferente do passado, quando era comandada por filiados ao PSDB”.
Em seguida, repetindo a tática de lembrar os casos de corrupção dos tucanos, a presidenta enumerou episódios em que políticos do PSDB estavam envolvidos em escândalos, mas não foram condenados, segundo Dilma. “Onde estão os corruptos da compra de votos para a reeleição? Todos soltos. Onde estão os corruptos do metrô de São Paulo, e dos trens? Todos soltos. Onde estão os corruptos da ‘pasta rosa’? Todos soltos. Onde estão os corruptos do processo Sivan? Todos soltos. Onde estão os corruptos da ‘privataria tucana?’”, perguntou a petista.
Aécio respondeu afirmando que acredita e confia nas instituições brasileiras. “Todos os casos aos quais a senhora se refere foram investigados. Se as pessoas estão soltas é porque não foram condenadas, portanto as provas não existiram. Mas não vou olhar para o passado, vamos olhar para o presente e para o futuro”, disse. Para Dilma, tucanos “não foram condenados porque não foram investigados”.
Em sua vez, Dilma quis falar sobre Educação e perguntou por que o PSDB foi contra o Enem. Aécio desmentiu. “Não coloque palavras na minha boca nem no meu partido. Quem foi contra escolas técnicas, candidata? O Pronatec é uma inspiração do PEP”, ressaltou.
Na primeira pergunta, Dilma afirmou que não nomeou parentes para seu governo e perguntou se Aécio podia dizer o mesmo. “No meu governo, me ajudou muito a minha irmã, a minha irmã Andréa, figura extraordinária. Acham que eu sou o neto preferido de Tancredo, mas era ela. Ela assumiu o serviço de voluntariado do Estado de Minas Gerais, me ajudou a coordenar a área de comunicação sem remuneração, candidata”, respondeu o tucano.
Tentando imputar à petista a mesma pecha de nepotista, Aécio lembrou que Igor Rousseff, irmão da presidenta, trabalhou na Prefeitura de Fernando Pimentel (PT), em 2003. Dilma respondeu listando os familiares empregados pelo tucano. “A sua irmã e o meu irmão têm que ser regidos pela mesma regra, eles não podem estar no governo que nós estamos. O nepotismo, candidato, eu não criei. O nepotismo é uma decisão do Supremo Tribunal Federal. Toda sociedade brasileira sabe que dentro do Governo Federal e dentro do Governo do Estado de Minas não pode ter um irmão, uma irmã, um tio, três primos e três primas”, explicou.
Segundo bloco
Na abertura do bloco, a presidenta retomou o tema “corrupção”. Dilma perguntou a Aécio sobre a propina que teria sido paga ao ex-presidente do PSDB, Sérgio Motta, para esvaziar uma CPI que investigaria a Petrobras. O fato foi denunciado pelo ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa, ao Ministério Público.
Aécio, visivelmente pego de surpresa, não respondeu e tergiversou. “As denúncias que surgem aí são denúncias construídas a partir daquilo que a Polícia Federal chama de uma organização criminosa atuando no seio da nossa maior empresa. Foram doze anos, candidata. Doze anos que os cofres da Petrobras foram assaltados. E esse dinheiro distribuído. Temos sim que ir a fundo, saber quem são os beneficiários”, disse.
Quando foi perguntar, Aécio quis saber se o governo federal irá se aproximar dos estados e municípios no “combate à criminalidade”. “Nós fizemos uma política que estava baseada em três aspectos. Primeiro, é necessário prevenir. Depois, candidato, é necessário garantir que os jovens e que todos aqueles que tenham e que sofram esse assédio, eles tenham defesa. E finalmente, candidato, é fundamental que o governo coloque na pauta toda uma questão relativa ao combate à violência, às drogas, e que faça com que os jovens não sejam objeto fácil do tóxico, da violência, e das formas pelas quais o crime se infiltra”, finalizou a petista.
Aécio criticou o investimento na área de Segurança: “Infelizmente, candidata, o orçamento, que já não é grande coisa – do Ministério da Justiça, do Fundo Nacional de Segurança, e do Fundo Penitenciário – não foi executado nem na sua metade”.
Terceiro bloco
Na abertura, Dilma perguntou a opinião de Aécio sobre a Lei Seca, sem citar que o tucano já havia sido parado em uma blitz e se recusou a fazer o teste do bafômetro. “Eu tive um episódio que parei numa Lei Seca porque minha carteira estava vencida e ali, naquele momento, inadvertidamente, não fiz o exame e me desculpei disso. Como a senhora não se arrepende de nada no seu governo”, afirmou o tucano, fazendo um mea culpa.
Dilma lembrou que dados da Saúde, que indicavam um déficit de investimento na área, antes publicados no site do Tribunal de Contas do Estado, desapareceram quando a presidenta os citou na última terça-feira (14), no debate da TV Bandeirantes.
O aeroporto construído por Aécio Neves na cidade de Cláudio, em Minas Gerais, nas terras de um tio, foi motivo de nova contenda entre os candidatos. O tucano mostrou que ainda não consegue explicar o fato. “Minas tem 92, entre pequenos, médios e grandes aeroportos, candidata. Vamos falar do governo federal, a não ser que a senhora queira no futuro, talvez desempregada, a partir de primeiro de janeiro, ser candidata ao governo de Minas. Aí terá tempo para discutir Minas Gerais”, afirmou o candidato do PSDB.
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