Categories: Eleições 2014

O vergonhoso desempenho de Vitalzinho, o cacareco de luxo

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Por que mesmo com a ajuda de Lula e Dilma, Vitalzinho não conseguiu avançar para além de um desempenho eleitoralmente medíocre? O candidato do PMDB se tornou tão débil quanto qualquer postulante de partido pequeno

Vitalzinho (PMDB-PB) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)

ALE – Pagmatismo Político

Em qualquer época da política brasileira, alguém viu um candidato “nanico” com tanto prestígio como Vitalzinho? As duas maiores figuras da política nacional nos últimos tempos (Lula e Dilma) apareceram na propaganda eleitoral do peemedebista pedindo que votem nele para que os projetos do governo federal sejam melhor absorvidos na Paraíba. E nem assim Vitalzinho ultrapassa os 4% na intenção de votos. Seu irmão Veneziano, bem antes da propaganda eleitoral e dos debates, já havia atingido os índices de 10% e 12%. Por que isso está ocorrendo? Simplesmente devido a falta de visão estratégica do partido, que é o maior do estado em representatividade nos municípios, mas que com o declínio natural da liderança de José Maranhão, virou um “saco de gatos”. Independentemente dessa fragilidade de Maranhão, que não soube entregar o bastão aos mais novos, o maior motivo do péssimo desempenho da sigla agora, em 2014, é o chamado “ciúme de homem”, que acontece normalmente em qualquer ramo de atividade, e, como não poderia deixar de ser, também na política.

No caso específico aqui, o ciúme foi da ascensão política de Veneziano Vital do Rego. Principalmente Wilson Santiago, que acabou deixando o PMDB, e Manoel Júnior não engoliram a preferência de Zé Maranhão por Vené como candidato ao governo do estado. E começaram a detonação lenta e gradual, até que o próprio Vitalzinho desse o golpe de misericórdia; de uma maneira que dá para especular até que ponto emergiu, em seu ego, a sua condição de irmão mais velho e, portanto, mais credenciado para comandar um jogo já perdido, pelo menos no seu entendimento, uma vez que Vené, até por (talvez) ingenuidade, acreditava na força que tinha para crescer na campanha e mostrar as contradições da união e do desenlace entre Cássio Cunha Lima e Ricardo Coutinho.

A vaidade de Vitalzinho, certamente, o enebriou e impediu que visse que sua votação para o Senado (em 2010), a alta cotação que possui junto ao governo federal, também das suas conquistas de investimentos para a Paraíba não seriam suficientes para quebrar a polarização entre as candidaturas socialista e tucana. E o destino do PMDB está aí, as claras, com um postulante ao Palácio da Redenção com méritos pessoais (em se tratando de operacionalidade política) indiscutíveis mas que, por causa da sua intransigência e do seu “maquiavelismo” se tornou eleitoralmente tão débil quanto qualquer candidato desses partidos pequenos. Vitalzinho sabia que ia perder, porém não tão feio assim!

Os que negociaram a retirada de Vené da disputa em troca de certos benefícios para si mesmos em sua coligação, se refletirem um pouco constatarão o mal que fizeram, não só a agremiação que integram ou a Veneziano, todavia também, e principalmente, a instituição da política. O talento verbal do ex-prefeito de Campina Grande, o discurso neo-oligárquico que carrega, sua presença impactante e carismática, enfim, tudo isso incomodou determinados políticos, que viram nele uma ameaça às suas projeções políticas pessoais.

O saldo que fica é esse: alguém viu no atual período eleitoral Vitalzinho fazer uma crítica mais dura a Cássio Cunha Lima? Claro que não, pois o acordo feito não pode ser rompido. Há 20 anos, Vital Filho e Veneziano eram dois críticos ferrenhos do modo de fazer política do grupo Cunha Lima, no entanto, as coisas mudam e mudaram.

Hoje, Veneziano está calado, apenas se empenhando por sua vaga na Câmara Federal; nas participações com o irmão, dá para notar o esforço de ambos objetivando camuflar um pouco a apatia. Em contrapartida, Vitalzinho, ao contrário dos “cacarecos” tradicionais, não mostra sua língua ferina: está aparentemente calmo, satisfeito com a colheita que virá do plantio que fez.

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