Segundo turno. Caberá no segundo turno confrontar a situação do Brasil antes de 2002, notadamente nos governos FHC, com a que o país se transformou a partir da chegada de Lula ao poder, em 2003
André Falcão*
É que agora restará o embate entre o velho ― como era o Brasil até 2002, notadamente nos governos FHC (1995-1998 e 1999-2002) ― e o novo ― como é o país a partir de 2003, precisamente nos governos LULA (2003-2006 e 2007-2010) e DILMA (2011-2014). E a comparação, aí, diferentemente de quando havia Marina Silva na disputa (ela própria sob alguns aspectos uma incógnita, apesar de suas contradições, que restaram desnudadas, mas até por elas), fica muito mais fácil para formular ao eleitor.
Claro que não me refiro àquela parcela do eleitorado de convicções neoliberais (ou que dizem tê-las, embora pouco ou nada saibam acerca do que seja neoliberalismo) ―, que vota no Aécio Neves sonhando com a volta de um FHC mais jovem, sem a (discutível) veia intelectual que os fascinava, mas com o jeitão bon vivant de playboy mineiro requentador da noite e das praias cariocas que o rapaz tem ―, tampouco ao grupo dos que se dizem desiludidos com o PT, e por isto, alardeando-se indignados (juram de pés juntos, e ainda dando beijinho nos dedos em forma de cruz levados aos lábios), apoiam-se em verdadeira ojeriza a tudo que a ele se refira.
O embate entre o velho e o novo poderá render frutos, sim, mas exatamente entre os desinformados ou os superficialmente manipulados pela mídia e por seus reprodutores de opinião. Aqueles que votam contra, mas estão abertos a conhecer os fatos, e mudar.
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Quanto à “corrupção”, por exemplo, ― para aqueles que, escorados na propaganda dos grandes grupos midiáticos, veem o governo Dilma como leniente com sua prática, ou mesmo cúmplice ―, poderá ser facilmente demonstrado o que os governos Dilma e Lula fizeram para combatê-la, e o que era feito no passado.
Observe-se, nesse norte, ainda exemplificativamente, as operações da Polícia Federal (órgão do governo federal) no combate à corrupção. O referido eleitor se surpreenderá ao saber que o número de operações da PF nos governos LULA/DILMA foi, pasme, cinquenta vezes maior do que nos de FHC. Ou em números: enquanto de 2003 a 2014 a PF realizou cerca de 2.220 operações, de 1995 a 2002 não chegaram a 50. Nestas, foram presas 536 pessoas; naquelas, 24.881 indivíduos (políticos, autoridades, milionários). Depois, explique-se a criação da Controladoria Geral da União, o que foi o Engavetador-Geral da República e jogue-se luzes sobre os escândalos tão bem submetidos à impunidade e à penumbra da grande mídia (Reeleição, Privataria Tucana…). Daí, vai-se a Minas.
O eleitor saberá agradecer.
*André Falcão é advogado e autor do Blog do André Falcão. Escreve semanalmente para Pragmatismo Político
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