“Bolsa Família ajuda, mas eu tenho que trabalhar", diz beneficiária. Cabeleireira, depiladora e manicure, Luciana Rodrigues encara com bom humor os comentários de que beneficiários do programa sejam acomodados
Cabeleireira, depiladora e manicure que acumula dois empregos, dona de casa, esposa e mãe de Érica (13), Luciana Alcântara Rodrigues (32) é uma batalhadora. Ela faz parte do Bolsa Família desde 2006 e encara com bom humor os comentários de que beneficiários do programa sejam acomodados.
“Quem acredita que as pessoas que recebem o Bolsa Família não precisam trabalhar, não conhece a realidade no Brasil. O benefício é uma ajuda, mas ele não supre tudo. Quem recebe precisa trabalhar para conseguir se manter. Eu, por exemplo, fui correr atrás, fiz os cursos que eu pude e agora posso trabalhar para mim”, comemora. “Eu não parei só com o dinheiro do Bolsa Família. Eu não fiquei só esperando o governo me dar o dinheiro, eu fui batalhar”, enfatizou.
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Luciana lembra que começou a receber o benefício quando a filha ainda era pequena. Ela havia se separado do pai da criança e cuidava da filha sozinha: “Eu fazia faxina para fora e cuidava da Érica. Fazer o cartão do Bolsa Família me ajudou nas contas da casa. Com o que eu ganhava, eu comprava comida, pagava água, luz… eu ainda tinha que bancar o aluguel, alguém para ficar com a menina. Foi uma época muito difícil”, lembra. Luciana recebe hoje R$ 112,00 por mês, o que a ajuda a manter a filha na escola. A menina sonha em ser veterinária.
Pronatec
Com o tempo, Luciana aprendeu a fazer o trabalho de manicure sozinha. Foi quando conseguiu emprego em um salão de beleza em Luziânia, em Goiás, entorno de Brasília. Ela buscou qualificação para o ofício nos cursos do Pronatec/Brasil sem Miséria, iniciativa criada em 2011 pelo governo federal para promover a capacitação técnica da população mais pobre, principalmente daquela que recebe o benefício mensal do Bolsa Família. Desde então, a medida beneficiou mais 1,5 milhão de pessoas.
Foi pelo Pronatec que Luciana fez cursos de depilação e maquiagem, no centro comunitário do Jardim Ingá, em Luziânia. Na mesma época, ela se matriculou no curso de cabeleireira oferecido pelo Senac. Segundo ela, os cursos do programa oferecem capacitação profissional importante para o público destinado.
“Os cursos são muito bons, a professora é muito dedicada, só não aprende mesmo quem não quer”, afirma. A moça destaca também a ajuda financeira de R$ 6 por dia para passagem e a alimentação dos alunos dos cursos, tornando viável a conclusão das capacitações.
De acordo com a cabeleireira, a conclusão desses cursos profissionalizantes permitiram seu empoderamento. Com o dinheiro do Bolsa Família e do seu trabalho, ela comprou geladeira, fogão e micro-ondas para casa, além dos equipamentos necessários para montar o seu próprio salão, nos fundos de casa, como cadeira de lavagem e secadores.
Como muitos outros, Luciana espera não precisar mais do benefício daqui a algum tempo, para assim, o benefício poder ajudar outra pessoa que passe pelas mesmas dificuldades vividas por ela, que se diz cada vez mais independente: “Meu sonho é me tornar uma empresária bem sucedida”, concluiu.
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