Categories: Eleições 2014

Boa sorte aos emigrantes!

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Desejo aos emigrantes que tenham muita sorte, pois lá terão dificuldade para arrumarem empregos e problemas com a imigração. Terão que limpar suas próprias casas, lavar seus banheiros e fazer a própria comida

(Imagem: Pragmatismo Político)

Cristina Luna*

Após 50 anos do golpe de 1964 e 29 anos depois do fim da ditadura, a nossa democracia avança aos tropeços, mas avança. Nosso sistema eleitoral é um dos mais eficientes do mundo e norte-americanos e europeus o analisam, a fim de resolver os seus problemas em época de eleições. Por isso, dói ver cidadãos brasileiros pregando impeachment logo depois do resultado e destilando ódio contra nordestinos, nortistas, pobres e negros.

Dizem que irão emigrar para os Estados Unidos ou Europa, talvez imaginando fundar uma comunidade a la Leblon, quem sabe presidida pelo Manoel Carlos…

Desejo a eles que emigrem e que tenham muita sorte, pois lá terão dificuldade para arrumarem empregos e problemas com a imigração. Terão que limpar suas próprias casas, lavar seus banheiros e fazer a própria comida. Talvez não tenham carros e nem montadores para os armários comprados nas lojas: terão que montá-los com as próprias mãos.

Talvez se surpreendam ao descobrirem que nesses países, desempregados e mais pobres recebem auxílio financeiro dos governos. Mesmo na Alemanha, uma das maiores potências capitalistas, há similares do bolsa família, pagos a indivíduos que não trabalham ou que exercem alguma atividade profissional, mas que têm renda reduzida.

Ah, existe também o dinheiro da criança: o “Kinder Geld”.

Alerto também a esses brasileiros, que tenham cuidado: como já viveram os horrores dos fascismos e da Segunda Guerra esses países possuem leis contra a incitação ao ódio e têm a tolerância como um dos valores cultivados. Lá, a cidadania funciona melhor e os emigrados terão que lidar com isso.

Assim, gostaria muito que nós, brasileiros (os que votaram em Dilma e no Aécio), exercitássemos mais a tolerância e o respeito aos cidadãos e à democracia, que, ao meu ver, deve ser conservada e aprofundada, apesar da resistência de muitos patriotas que não conhecem sequer o significado de uma Res Pública.

*Cristina Luna é carioca, professora de História da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e colaboradora em Pragmatismo Político

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