Após sofrerem com comentários preconceituosos em hotel, mulheres realizam manifestação contra a "gordofobia" em frente ao Congresso Nacional. Intuito é provar que elas não têm vergonha do corpo
Após serem vítimas de preconceito em um hotel de Brasília, quatro misses plus size protestaram com roupas íntimas contra a “gordofobia” em frente ao Congresso Nacional na tarde desta terça-feira (11/11). Ao fazerem o check-in no hotel, uma recepcionista disse a duas delas que não caberiam na cama de casal do quarto disponível. “A moça foi bem sarcástica e isso me deixou chateada. Pensei: ‘estamos na capital do país. Temos que tentar mudar isso'”, conta Camila Bueno, 19 anos.
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Além de Camila, Flávia Gomes, 29, e Evelise Nascimento, 25, vieram de São Paulo para participar de um ensaio de fotos do projeto BSB Plus Size, idealizado pela miss plus size DF Janaína Graciele, moradora de Planaltina. A missão do projeto, que existe há dois anos, é melhorar a autoestima de mulheres que estão acima do peso. “As meninas, que conheci durante o concurso nacional, vieram para ajudar a chamar atenção para a questão do preconceito, e acabaram sendo vítimas de discriminação logo que chegaram”, lamenta Janaína.
Janaína conta que, um dia antes do ocorrido no hotel, quando estavam em Planaltina, as quatro modelos também ouviram comentários maldosos de rapazes em um bar da região administrativa. “Assim que chegamos, eles nos chamaram de ‘um bando de gordas’”, conta. Segundo Janaína, a ideia de fazer fotos em frente ao Congresso Nacional nesta terça-feira surgiu com o intuito de protestar. “É aqui que as leis são aprovadas. Será que vamos continuar sendo vítimas de preconceito?”, questiona.
Evelise Nascimento, 25, conta que o protesto foi, não por si mesma, mas também por outras mulheres. “Somos um modelo de vida para muita gente. Por sermos misses, nos cuidamos, estamos sempre com maquiagem e bem arrumadas. Mas e as outras mulheres que não saem de casa por estarem acima do peso?”. Para Evelise, o gesto de silêncio na fotografia significou “fique quieta, sociedade. Nos aceitamos e estamos super bem”.
Flávia Gon Soares, 29, conta que na hora da foto em frente ao Congresso Nacional, que atraiu os olhares de muitos curiosos, preferiu não pensar a respeito. “Agora que a ficha está caindo. Meu sentimento é de ajudar outras pessoas. Fico muito feliz quando recebo mensagens de mulheres que sofrem preconceito dizendo ‘hoje eu saí de casa graças a você'”, relata.
Correio Braziliense
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