Após a morte de quatro israelenses mortos essa semana, é provável que a história se repita e milhares de palestinos inocentes venham sofrer as consequências dessa eterna 'vendeta'
Vinicius Gomes, Revista Fórum
Quatro israelenses foram mortos e mais oito feridos em um ataque realizado por dois homens palestinos, armados com facões e pistolas, em uma sinagoga localizada em Jerusalém Ocidental nesta terça-feira (18). O ataque foi prontamente classificado como um ato terrorista pelo secretário de Estado norte-americano John Kerry e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu prometeu, como não deveria deixar de ser, uma resposta “com mão pesada”. O presidente da Autoridade Palestina Mahmmoud Abbas também condenou o ataque.
Três dos mortos eram nascidos nos EUA: Moshe Twersky,39; Aryeh Kupinsky,43; e Kalman Zeev Levine, 55 anos, e um nascido no Reino Unido, Ayraham Shmuel Goldberg, 68. Segundo a BBC, as Brigadas Abu Ali Mustafa, o braço armado Frente Popular pela Libertação da Palestina, foi responsável pelo ataque, conduzido por Uday e Ghassan Abu Jamal.
O que pareceu ter escapado da indignação internacional foi a morte de palestinos nos últimos dias que precederam o ataque dessa terça-feira, principalmente a do motorista de ônibus palestino Yusuf Hassan al-Ramouni, 32, que foi encontrado enforcado na noite de domingo (16) em uma garagem de ônibus também em Jerusalém Ocidental. A polícia israelense afirmou se tratar de um suicídio, hipótese rejeitada veementemente pela família, por um médico que acompanhou a autópsia e pela comunidade palestina que foi às ruas protestar contra a morte de Ramouni.
Na primeira semana de novembro, um jovem palestino também foi executado por forças de segurança israelenses na cidade de Kufr Kana, ao norte de Israel. Antes da revelação de um vídeo gravado por uma câmera de segurança vir a público, a polícia afirmou que Kheir Hamdan, 22, havia atacado os oficiais com uma faca e eles foram obrigados a matá-lo, depois de dispararem um tiro de aviso. Porém, como se pode ver no vídeo abaixo, Hamdan parece usar um objeto (faca ou não) para bater contra o carro policial e depois se afasta do veículo. Quando os policiais atiram, sem o suposto disparo de aviso, Hamdan não existia qualquer risco de vida aos oficiais.
Alguns dias antes da execução do jovem palestino, o ministro da Segurança Pública de Israel Yitzhak Aharonovich afirmou que “qualquer um que atacasse cidadãos judeus israelenses deveria ser morto imediatamente” – declaração essa que o Centro Israelense pelos Direitos da Minoria Árabe classificou como “incendiária”. A morte de Hamdan incitou protestos de rua, o que levou o primeiro-ministro Netanyahu a considerar revogar a cidadania dos manifestantes palestinos.
Uma rápida passagem em portais de notícias com foco no Oriente Médio mostra que as notícias parecem se repetir ao longo dos meses. Meses atrás, o episódio envolvendo o desaparecimento e assassinato de três jovens colonos israelenses, episódio que precipitou ações de violência (incluindo um palestino de 16 anos sendo queimado vivo) e retaliação que culminaram no bombardeio incessante de Israel contra Gaza, deixando um saldo de milhares de mortos e feridos, sendo a vasta maioria de civis inocentes, com mais de 500 crianças assassinadas.
É impossível dizer o que acontecerá depois do assassinato de quatro israelenses inocentes. O mais provável é que a história se repita e milhares de palestinos inocentes venham sofrer as consequências dessa eterna vendeta.
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