Reitor afirma que as declarações do docente causam perplexidade e constrangimento. Desembargador aciona Ministério Público Federal contra o professor acusado de racismo
Em entrevista coletiva concedida na tarde desta quarta-feira (5) o reitor da Ufes, Reinaldo Centoducatte, disse que as declarações do professor causam perplexidade e constrangimento. Ele salientou que a universidade não compactua com as declarações dadas pelo professor Manoel Luiz Malaguti.
Entenda o caso: Professor universitário debocha de negros e cotistas em sala de aula
A reitoria da Ufes decidiu afastar o professor das aulas do segundo periodo de Ciências Sociais, turma em que ele deu as declarações. Já o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da universidade recomendou que Malaguti seja afastado de todas as atividades que realiza.
Em nota, a Ufes informou que a denúncia feita pelos estudantes foi recebida pela Ouvidoria e que caso seja comprovada, a reitoria abrirá um inquérito administrativo. “A Ufes destaca que repudia todo e qualquer ato ou manifestação preconceituosa em seus campi, e afirma que desenvolve políticas afirmativas de assistência estudantil que reforçam seu compromisso com o exercício pleno da cidadania a todos os estudantes, a democratização das condições para o acesso e permanência dos alunos nos cursos de graduação, a defesa da justiça social e a eliminação de todas as formas de discriminação”, diz um trecho da nota.
Protesto
Cerca de 300 estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) protestaram contra o racismo na tarde desta quarta-feira (05). O ato foi marcado pelas redes sociais, após denuncias de preconceito racial que partiram de um professor do curso de Ciências Econômicas dentro da sala de aula.
No protesto, os manifestantes exibiam cartazes pedindo que o professor fosse retirado do quadro de docentes da universidade. Os estudantes atravessaram o campus de Goiabeiras, passando pela Reitoria e pelo Departamento de Ciências Econômicas. Em seguida, os manifestaram se concentraram em uma das vias da Avenida Fernando Ferrari, em frente à Ufes, bloqueando o trânsito no sentido bairro-Centro.
Desembargador aciona MPF
O desembargador do Tribunal de Justiça do Estado (TJES), Willian Silva ofereceu representação criminal no Ministério Público Federal (MPF) contra o professor Manoel Luiz Malaguti, acusado por alunos de ter adotado um discurso discriminatório em sala de aula. O magistrado, que é negro, disse que se sentiu ofendido pelas declarações do professor.
De acordo com informações do TJES, o desembargador fundamentou a denúncia com base nas notícias veiculadas na imprensa após a ampla repercussão do episódio nas redes sociais. Consta nas reportagens que o professor teria externado posicionamento contrário ao sistema de cotas implantado na Ufes e questionou o “nível de cultura” dos profissionais negros.
Na representação, o desembargador afirma que o sistema de cotas é previsto em lei federal até mesmo no serviço público. Para Willian Silva, não existe problemas em posicionar-se contra as cotas desde que sejam respeitados os alunos contemplados. “Ocorre que, afastando-se das críticas pessoais construtivas que se espera de um professor – e que, nessa condição, deveriam inclusive ser respeitadas -, o representado adotou discurso evidentemente preconceituoso em relação aos alunos negros, destacando a necessidade de utilizar linguagem mais acessível e baixar o nível do ensino para que tais discentes pudessem acompanhar suas aulas”, afirmou
Acompanhe Pragmatismo Político no Twitter e no Facebook.