Redação Pragmatismo
Educação 27/Nov/2014 às 12:21 COMENTÁRIOS
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R$ 200 mil, o preço para entrar na Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais

Publicado em 27 Nov, 2014 às 12h21

33 são presos por fraude em vestibular de medicina. Preço de vagas para ingressar na Faculdade Ciências Médicas variava de R$ 70 mil a R$ 200 mil. Quadrilha atuava há pelo menos 20 anos

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Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais (Reprodução)

A Polícia Civil de Minas Gerais prendeu 33 pessoas, no último domingo (23), suspeitas de fraudar o vestibular de medicina na faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais. A operação Hemostase II, realizada em parceria com o Ministério Público de Minas Gerais já realiza investigações há sete meses e tem, como objetivo, desarticular uma quadrilha especializada em burlar vestibular e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), principalmente com a venda de vagas em cursos, que variava de R$ 70 mil a R$ 200 mil.

Entres os presos, estão nove membros da quadrilha responsáveis pela organização do esquema, 22 candidatos que seriam beneficiados pela fraude e dois médicos residentes, que eram responsáveis por fazer as provas rapidamente, solucionar as questões e deixar o local de aplicação para entregar o gabarito para a pessoa que iria fazer a transmissão das respostas aos candidato. Os dois suspeitos de liderar a quadrilha são mineiros: Áureo Moura Ferreira, que mora em Teófilo Otoni, na região do Vale do Jequitinhonha, e Carlos Roberto Leite Lobo, empresário que reside em Guarujá (SP). Ambos foram detidos na capital mineira, enquanto monitoravam os trabalhos na tarde desse domingo. Entre detidos, ainda, há um policial civil, lotado em Governador Valadares, que estava em um dos carros da quadrilha.

Segundo a assessoria da Polícia Civil, nesta manhã da última segunda-feira (24), os policiais estão nas cidades de Teófilo Otoni, e Guarujá (SP) cumprindo diligências. Nesses municípios, já foram apreendidos carros de luxo, dinheiro, e documentos comprobatórios da fraude, como gabaritos de provas da quadrilha.

De acordo com o Superintendente de Investigação e Polícia Judiciária, delegado Jeferson Botelho, que chefia a operação em Teófilo Otoni, essa quadrilha atuava da seguinte forma: pessoas faziam parte das provas rapidamente, saiam com os resultados das questões e repassavam para os candidatos compradores das vagas por meio de transmissão eletrônica. Ainda segundo o delegado, o último lote de equipamentos adquiridos pela quadrilha era composto por micropontos eletrônicos e moderno sistema de transmissão de dados, que teria sido adquirido na China a um custo de US$ 200 mil.

A quadrilha cobrava R$100 mil reais por cada candidato. Segunda as investigações eles estariam atuando há pelo menos 20 anos e não só em Minas Gerais, mas em outros estados”, afirmou Botelho.

A equipe da Polícia Civil que atua junto ao Núcleo de Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público continuará trabalhando com os promotores de Justiça nas próximas horas, formalizando os Autos de Prisão em Flagrante, para que o resultado final da operação seja apresentado à Imprensa nos próximos dias.

Na Operação Hemostase I, no ano passado, a Polícia Civil já havia desbaratado uma quadrilha que também fraudava vestibulares de medicina. Na ocasião, 21 pessoas foram presas em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Com eles, foram apreendidos cerca de R$ 500 mil em dinheiro, sendo US$ 25 mil, celulares, documentos, pontos eletrônicos, munições de uso restrito e um veículo de passeio. Como na época foram levantados indícios de fraude no Enem, o caso foi repassado para a Polícia Federal. Agora, na Hemostase II, conforme o delegado Jeferson Botelho, a suspeita é a de que o Enem foi fraudado em cinco estados.

A Ciências Médicas de Minas Gerais informou, em nota, que está colaborando na identificação dos suspeitos e que vai manter o processo seletivo 2015. Segundo o comunicado, o vestibular segue normalmente, conforme previsto no cronograma e divulgado no edital. “Com a prisão dos envolvidos, não houve qualquer prejuízo para o processo seletivo de 2015, não havendo, portanto, motivos para seu cancelamento“, diz o texto.

Nome

A operação ganhou esse nome porque Hemostase se refere ao conjunto de procedimentos cirúrgicos para acabar com uma hemorragia.

Fernanda Viegas e Bernardo Miranda, Jornal O Tempo

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