A Al-Qaeda na Península Arábica (AQPA), com sede no Iêmen, onde um dos dois suspeitos do massacre da revista Charlie Hebdo teria treinado o manejo de armas, é, segundo os Estados Unidos, o braço mais ativo e perigoso da Al-Qaeda.
Nascido em janeiro de 2009 da fusão das facções saudita e iemenita da Al-Qaeda, o grupo figura na lista de organizações terroristas de Washington, que prometeu 10 milhões de dólares por qualquer informação que conduza à localização de seu líder, o iemenita Naser al-Whaychi, e de outras sete autoridades do grupo.
Whaychi proclamou em julho de 2011 sua adesão a Ayman al-Zawahiri, novo chefe da Al-Qaeda após a morte de Osama Bin Laden em um ataque das forças especiais americanas em maio de 2011 no Paquistão.
A AQPA reivindicou nos últimos anos atentados importantes, tanto no Iêmen quanto no exterior, incluindo uma tentativa de explodir um avião americano no dia de Natal de 2009.
Além disso, o grupo convocou em várias ocasiões seus partidários a atacar a França, integrante da coalizão internacional que combate o Estado Islâmico no Iraque e envolvida na África contra os jihadistas.
A revista da AQPA em inglês, “Inspire“, lançada com o objetivo de despertar vocações de lobo solitário no exterior, convocou seus partidários a cometer atentados na França e colocou em 2013 o diretor de Charlie Hebdo, Stéphane Charbonnier, em sua lista de pessoas que deveriam ser mortas.
Este, mais conhecido como Charb, morreu no atentado de quarta-feira contra a sede da revista, junto com outras 11 pessoas.
A operação prossegue nesta sexta-feira para deter os dois foragidos, os irmãos Cherif e Said Kouachi, de 32 e 34 anos, que aparecem nas bases de dados dos Estados Unidos como suspeitos de terrorismo.
Segundo um funcionário americano, Said Kouachi viajou ao Iêmen em 2011, onde foi formado no manejo das armas por um membro da Al-Qaeda no Iêmen, antes de voltar à França.
A AQPA reivindicou vários atentados nos últimos anos. Em novembro de 2010, reivindicou a autoria do envio de pacotes-bomba aos Estados Unidos e a explosão de um avião de carga dois meses antes em Dubai.
Em 2009, um suicida da AQPA quase matou o ministro saudita do Interior, Mohamed ben Nayef, detonando os explosivos que carregava em sua presença.
Em território iemenita, o grupo extremista sunita realiza regularmente mortíferos ataques contra as forças de ordem e, mais recentemente, contra os rebeldes huzis que se apoderaram em setembro da capital, Sanaa.
A AQPA aproveitou o enfraquecimento do poder central em 2011, após uma insurreição popular contra o ex-presidente Ali Abdullah Saleh, para reforçar seu poder no país, sobretudo no sul.
O novo poder do presidente Abd Rabo Mansur Hadi realizou uma ofensiva militar em maio que os empurrou a zonas montanhosas de difícil acesso, ajudado pelos Estados Unidos, cujos drones bombardeiam regularmente o grupo.
No fim de 2012, seu número dois, o saudita Said al-Shehri, morreu em um destes ataques. Em 2011, Anwar al-Aulaqi, um imã radical iemenita nascido nos Estados Unidos e sob o qual a AQPA viveu seu maior auge, também foi abatido por um drone.
Shehri, um ex-prisioneiro de Guantánamo, se submeteu a um programa de reabilitação em seu país, antes de reaparecer no Iêmen.
O Tempo
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