Na busca desesperada pela salvação da crise econômica, os europeus - principalmente os franceses - podem colocar no poder a extrema-direita anti-imigrante, homofóbica e racista
Lucien de Campos*
Após conviver com a perseguição aos judeus nos anos 30 e 40, a Europa pode presenciar o crescimento do neonazismo e da xenofobia alimentada pela extrema-direita. Pode ser que desta os muçulmanos passem a ser alvo de perseguições.
Os europeus encontram-se fatigados com a atual política adotada pela esquerda sem imaginação (como por exemplo de Francois Hollande na França) e pela direita tecnocrata, que a serviço do capital, arrasa com o social. Com isso, ao notar que nos últimos meses tem crescido o sentimento neonazista na Alemanha e a popularidade da ultradireitista Marine Le Pen na França, algo perigoso pode acontecer após o terrível ataque ao Charlie Hebdo. Na busca desesperada pela salvação da crise econômica, os europeus – principalmente os franceses – podem colocar no poder a extrema-direita anti-imigrante, homofóbica e racista.
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A todo momento, Marine Le Pen aparece no canal Euronews com seus pronunciamentos oportunistas para comover os franceses e dizer que os culpados são o maometanos. Para a extrema-direita, tudo é explicado pela lógica religiosa e moral de que há os bons e os maus. Neste caso, os maus são os muçulmanos. Só há ataques e generalizações.
O atentado ao Charlie Hebdo não tem nada a ver com a religião muçulmana. Foi, de fato, um ataque de um grupo extremista com uma visão totalmente distorcida do Islã, em que legitimaram a linguagem do ódio e violência para atingirem seus objetivos. Porém, há quem não entenda desta maneira, e menosprezando esta distinção entre o extremismo e o diálogo faça uma leitura generalizada de que todo muçulmano é terrorista. O que pode fazer com que floresça o sentimento xenofóbico e racista na Europa.
Talvez não seja abusivo afirmar que Huntington tinha razão, pois tudo leva-nos a crer que o mundo presencia um choque de civilizações através de identidades religiosas e culturais.
*Lucien de Campos é mestrando em Diplomacia e Relações Internacionais pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias de Lisboa e colaborador em Pragmatismo Político
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