Redação Pragmatismo
Terrorismo 08/Jan/2015 às 17:48 COMENTÁRIOS
Terrorismo

O escritório do Charlie Hebdo após o ataque

Publicado em 08 Jan, 2015 às 17h48

Imagem revela como ficou o escritório do jornal satírico Charlie Hebdo após o massacre. Testemunha que foi obrigada a abrir a porta para os extremistas conta que toda a ação durou 5 minutos

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O escritório do jornal francês Charlie Hebdo após o ataque que deixou 12 mortos (Imagem: Le Monde)

Stéphane Charbonnier estava empoleirado, como de costume em todas as manhãs de quarta-feira, em uma mesa de madeira em forma de U no segundo andar da Redação parisiense cheia de luz do jornal satírico francês que ele comandava, o “Charlie Hebdo”, com uma série de jornais espalhados diante dele.

Era por volta das 11h30 e cerca de uma dúzia de jornalistas, incluindo os principais cartunistas do jornal, se juntou a ele para a reunião semanal regular para discutir os artigos que apareceriam na próxima edição. O dia deles já tinha sido produtivo: menos de duas horas antes, os editores publicaram um tweet de sua mais recente charge provocadora, um desenho de Abu Bakr al-Baghdadi, o líder do Estado Islâmico, desejando ao seu público um Feliz Ano-Novo e, “acima de tudo, boa saúde!”.

Sem que soubessem, uma cena de terror estava transcorrendo à sua porta –uma que chamaria a atenção do mundo e provocaria novos temores por toda a Europa a respeito de um crescente choque de civilizações, entre os radicais islâmicos e o Ocidente.

VEJA AQUI TUDO SOBRE O ATENTADO AO CHARLIE HEBDO

Corinne Rey, uma cartunista conhecida como Coco, tinha acabado de pegar sua filha pequena na escola e estava digitando um código de segurança para entrar no prédio quando dois homens em trajes pretos, armados com metralhadoras automáticas AK-47, a agarraram e a forçaram brutalmente a abrir a porta.

“Eles queriam entrar e subir”, ela disse posteriormente à revista francesa “L’Humanité”.

Empurrada para dentro, Coco disse que se refugiou sob uma mesa enquanto os homens entravam no saguão e seguiam para o balcão da recepção, onde um segurança que trabalhava ali há 15 anos, Frédéric Boisseau, estava sentado.

Segundo uma testemunha citada na imprensa francesa, os assassinos abriram fogo, matando Boisseau e disparando tantas vezes no saguão que algumas pessoas acharam que se tratava da queda de um andaime.

Momentos depois, segundo testemunhas, os homens subiram correndo as escadas, com suas metralhadoras prontas, e seguiram para a sala de reunião.

“Onde está Charb? Onde está Charb?”, eles gritavam, usando o apelido amplamente conhecido de Charbonnier. Ao avistarem seu alvo, um homem magro de óculos, os homens miraram e atiraram.

Então, disseram as testemunhas, eles mataram os principais cartunistas do jornal que estavam sentados, paralisados. Depois massacraram quase todas as demais pessoas na sala em uma rajada de fogo.

“Durou cerca de cinco minutos”, disse Coco, abalada e com medo. “Eles falavam francês perfeitamente e alegavam ser da Al-Qaeda.”

Sigolène Vinson, uma free-lancer que decidiu vir naquela manhã para participar da reunião de pauta, achou que seria morta quando um dos homens a abordou.

Em vez disso, ela contou à imprensa francesa, o homem disse: “Eu não vou matar você, porque você é uma mulher, nós não matamos mulheres, mas você deve se converter ao Islã, ler o Alcorão e se cobrir”, ela lembrou.

“Depois”, ela acrescentou, ele partiu gritando, “Allahu akbar, Allahu akbar!” [Alá é grande, Alá é grande].

Liz Alderman, NYT, Paris

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