A semana foi marcada pelo excesso de zelo do prefeito de Nova York, Bill de Blasio, e o excesso de inoperância do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin
Kiko Nogueira, DCM
Bill de Blasio, prefeito de Nova York, foi criticado por excesso de zelo. Antecipando nesta semana uma nevasca devastadora que acabou não acontecendo, ele interditou vários serviços da cidade.
Escolas foram fechadas, não era permitido dirigir em determinados horários, a balsa de Staten Island parou. A meteorologia errou, o pior não aconteceu e de Blasio teve de se explicar. “Nós pensamos que pegaríamos algo muito maior”, disse para a CNN.
A mudança de direção da tempestade, afirmou, livrou Nova York e outros lugares de alguns dias difíceis. “Mas nós tínhamos de nos preparar”, declarou. “Better safe than sorry” (numa tradução meia boca, “antes prevenir do que remediar”).
De Blasio foi cobrado sobre o quanto um estado de alerta custaria aos cidadãos. “Não é possível colocar um preço. Você precisa fornecer segurança às pessoas”.
Sua atitude foi reflexo de um susto anterior. No ano passado, pouco depois de assumir, ele não mandou que as escolas parassem durante uma nevasca. Desta vez, foi precavido. Os novaiorquinos contaram com a autoridade competente pensando neles.
São Paulo se prepara para um rodízio de água sem precedentes. Serão cinco dias sem para dois dias com algo saindo das torneiras. Os avisos de que a situação no Sistema Cantareira era catastrófica vinham desde pelo menos 2004, quando o mesmo Alckmin era governador.
Ao longo dos últimos anos, a coisa apenas se agravou. No final de 2012, a cúpula da Sabesp foi à Nova York de Bill de Blasio fazer uma festinha para seus acionistas.
Ao longo de toda a campanha para o governo, Alckmin e a direção da Sabesp mentiram de maneira criminosa para a população. Não houve campanha de conscientização, não houve admissão de que talvez houvesse uma crise de abastecimento. Não houve cobrança da imprensa oficial.
Leia também: 8 notícias que a grande mídia não tem coragem de divulgar
As cenas apocalípticas estão apenas no início. Já temos gente pegando água da sarjeta na rua Augusta. Montado em sua inoperância e incompetência, Alckmin não disse nada. Poderia começar com um pedido de desculpas. Ao invés disso, estava na companhia de FHC, Aécio e o panaca útil João Dória Jr. num encontro do PSDB deflagrando uma operação “para conter os dissidentes e assegurar a manutenção da candidatura do pessebista e o bloco que hoje o sustenta”, segundo a Folha.
Ontem, Bill de Blasio leu para repórteres um artigo do site humorístico de notícias falsas The Onion. O texto incluía citações falsas dele, avisando que o gelo furioso “não conhece piedade nem razão, e todos dentro dos cinco bairros perecerão, encolhidos em suas habitações frágeis”.
A maior piada em São Paulo é o próprio governador e ela não tem graça.
Acompanhe Pragmatismo Político no Twitter e no Facebook