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As 10 cidades que mais cresceram em 2014

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Estudo envolvendo mais de 300 cidades revela quais foram as que tiveram maior crescimento econômico em 2014. No Brasil, Rio de Janeiro foi a cidade melhor posicionada na lista, mas ficou distante do top 10

As 10 cidades que mais cresceram em 2014 (Imagem: Pragmatismo Político)

Macau, Izmir, Bursa ou Xiamen não são as cidades mais conhecidas do planeta, mas estão entre as dez que mais cresceram em 2014.

O resultado de um estudo envolvendo mais de 300 cidades feito pelo centro de pesquisa americano Brookings Institution mostra que cinco delas estão na China e quatro na Turquia. Dubai, nos Emirados Árabes, completa a lista.

No Brasil, o Rio de Janeiro foi cidade melhor posicionada na lista, em 162º. São Paulo ficou em 284º lugar, e Campinas teve o pior desempenho de todas as metrópoles do país, em 291º.

Tóquio, Nova York, Paris e Londres, cidades entre as mais ricas do mundo, também não estiveram entre os melhores desempenhos. Joseph Padilla, coautor do estudo, não se surpreende.

A base de comparação foi o crescimento econômico e não a riqueza. Para medi-lo, combinamos o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) per capita, porque dá uma ideia da renda média da população, e o crescimento do emprego, por seu impacto econômico. Em ambas as medidas, estas cidades superam as de países desenvolvidos“, diz Padilla.

Em âmbito global, as 300 grandes cidades comparadas pelo Brookings Institution concentram 20% da população mundial, mas representam 50% da produção econômica.

Confira a lista completa e conheça um pouco mais sobre as cidades e os motivos por trás de sua plena expansão:

1 – Macau

A antiga colônia portuguesa retomada pela China no fim do século 20 teve um crescimento de PIB per capita de 8% e aumento de emprego de 4%.

Ela repete um padrão comum entre as outras cidades da lista: cresce embalada pela economia do país.

No caso de Macau, sua pequena população, de pouco mais de 500 mil pessoas, a ajudou obter este lugar de destaque no ranking. Mas a principal razão disso está num privilégio nacional: é o único lugar da China em que cassinos são legalizados.

Macau encabeçou o índice em 2012, quando já havia se convertido no centro de jogos de azar da China“, afirma Padilla.

Isso atraiu investimentos de multinacionais, contribuindo de forma decisiva para este fenomenal crescimento.”

2 – Izmir

Situada na costa oeste da Turquia, Izmir é a terceira maior cidade do país, com mais de 4 milhões de habitantes, e foi a cidade com o maior crescimento na taxa de emprego de todo o estudo: 6,6%.

Padilla destaca que Izmir tem sido um importante centro comercial desde o século 17, com acessos aos mares Mediterrâneo e Egeu.

O governo tem usado esta localização para promover zonas industriais. Por isso, ela não foi apenas a cidade em que mais o emprego cresceu em 2014. No período entre 2009 e o ano passado, ficou na segunda posição“, explica Padilla.

Isso mostra uma clara solidez e continuidade econômica.”

3 – Istambul

A antiga Constantinopla é a maior cidade da Turquia, com mais de 14 milhões de habitantes, e é responsável por um quarto da economia turca.

Localizada em um centro histórico e comercial que conecta a Ásia central com a Europa, é a segunda cidade em termos de criação de emprego“, diz Padilla.

Tem uma economia diversificada e muito importante nos setor de serviços, turismo, comércio e de manufatura.”

Neste sentido, é um claro exemplo de uma dimensão-chave do estudo do Brookings Institute: o poder de atração das grandes metrópoles sobre o conjunto da economia nacional.

4 – Bursa

Situada no noroeste da Turquia, é a quarta maior cidade do país, com quase 4 milhões de habitantes, e deve seu lugar no ranking graças à sua indústria automotiva.

É conhecida internacionalmente como um importante centro de produção automotivo, batizado como a Detroit da Turquia“, destaca Padilla, em referência à cidade americana conhecida por ter reunido um grande número de montadoras.

Em Bursa, há uma forte presença de multinacionais, como Renault e Fiat, e de uma ampla gama de fornecedores de peças para veículos.

Tudo isso tem contribuído para sua alta taxa de criação de empregos, de cerca de 6,4%“, explica Padilla.

5 – Dubai

Um dos sete emirados que compõem os Emirados Árabes, Dubai era um pequeno povoado pesqueiro há poucas décadas.

Com mais de 3 milhões de pessoas, hoje é a cidade com a maior população do país, com um crescimento do PIB per capita de 4,7% e de emprego de 4,5%.

Dubai se converteu em um centro global de transporte, comércio, turismo e serviços profissionais“, afirma Padilla.

Graças a um esforço de diversificação, Dubai não depende mais de produtos primários para seu crescimento econômico. Hoje, os serviços representam cerca de 70% do seu PIB.”

6 – Kunming

Capital da província de Yunnan, no sul da China, tem mais de 4 milhões de habitantes e um clima temperado que lhe rendeu o apelido de “Chuncheng“, ou cidade da primavera.

Kunming é um centro de turismo no sudeste asiático e superou Macau em crescimento do PIB per capital, com 8,1%, ainda que tenha ficado abaixo no aumento do emprego, com 2,9%.

Kunming é ainda um centro de transporte na região e a sede das mais importantes universidades“, diz Padilla.

Hoje, é a cidade continental chinesa com o melhor desempenho econômico.”

7 – Hangzhou

Com uma população de 9 milhões de pessoas, a capital da província de Zhejiang, ao sul de Xangai, teve um crescimento do PIB per capita de 7% e do emprego de 3,3% – este último o maior entre as cidades da China continental.

Hangzhou passou por um grande crescimento do setor empresarial, financeiro e profissional. Além disso, é um importante centro do comércio eletrônico, e o que exemplifica muito bem isso é o fato de ser a sede global da Alibaba“, destaca Padilla.

8 – Xiamen

Esta cidade na costa leste da China tem uma população de mais de 3 milhões de pessoas.

Num ranking elaborado pelo governo chinês, foi considerada a melhor cidade de 2006 e a mais romântica de 2011.

Em 2014, teve um crescimento do PIB per capita de 8,6%, o maior entre as dez cidades da lista.

Deve isso a uma economia diversificada, baseada na pesca, estaleiros, alimentos, produtos têxteis, serviços financeiros e outros setores mais.

Outros dois elementos-chave a colocam nesta posição no ranking: sua relação com Taiwan, que está a 300 km de distância, e sua classificação como zona especial econômica, o que lhe confere uma maior abertura ao capital estrangeiro, redução de impostos e legislação mais flexível, com uma forte produção industrial voltada para a exportação.

Xiamen é um dos grandes centros de manufatura da China e, neste século, tem ficado sistematicamente entre as cidades que mais cresceram nacionalmente“, afirma Padilla.

Em 1980, foi uma das primeiras cinco zonas econômicas especiais. E hoje se encontra entre os 20 maiores portos do mundo.”

9 – Ankara

Com quase 5 milhões de habitantes, a capital turca é sede do Parlamento, dos ministérios e da diplomacia do país.

Também é um importante centro industrial e comercial que se encontra estrategicamente localizada na rede de transporte nacional.

As cidades turcas estão crescendo muito graças a fortes investimentos em infraestrutura e no setor de construção“, explica Padilla.

Mesmo que em Ankara o governo siga representando a maior parte da economia, o setor de manufatura teve um importante papel no crescimento do emprego e da indústria. Muitas das companhias de defesa e aeroespaciais tem sua sede na capital.”

10 – Fuzhou

A capital da província de Fujian é a cidade mais industrializada desta região do país.

Localizada a penas 249 km de Taiwan, Fuzhou se beneficiou da retomada de relações da ilha com a China.

Com uma população de quase 7 milhões, teve um crescimento do PIB per capita de 8%, igual ao de Macau, mas um menor aumento do emprego.

É um centro especializado em produtos químicos, alimentícios e têxteis, mas os setores que mais cresceram em 2014 foram o empresarial, financeiro e profissional“, diz Padilla.

A isto se soma o fato da China ter acabado de anunciar uma zona de livre comércio expandida em Fuzhou, o que vai contribuir para este crescimento.”

Marcelo Justo, BBC

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