"Dilma ganhou a eleição democraticamente, tem que levantar a cabeça e cuidar do país. Eu quero paz e democracia, mas se eles querem guerra, eu sei lutar também". Em ato, Lula disse que está pronto para defender a Petrobras, defender a reforma política e a democracia.
“Somos 200 milhões de petroleiros”. A frase estampada na faixa aberta por militantes da Federação Única dos Petroleiros (FUP) retrata o espírito que animou o ato em defesa da Petrobras realizado na noite de ontem (24) na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) no Rio de Janeiro. Com a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ato contou com expressiva presença de representantes de sindicatos, movimentos sociais e entidades de classe, além de estudantes, artistas e jornalistas.
Recebido aos gritos de “guerreiro do povo brasileiro”, o ex-presidente Lula fez uma comparação entre o atual momento político brasileiro e as campanhas de desestabilização contra Getúlio, Juscelino Kubitscheck, João Goulart e ele próprio (em 2005, na época das denúncias sobre o mensalão): “Querem punir a Petrobras e criminalizar a política. Essa empresa é motivo de orgulho para mim e para todos os brasileiros. A gente não pode jogar a Petrobras fora por causa de meia dúzia de pessoas em uma família de 86 mil trabalhadores”.
“O que estamos vendo é a criminalização da ascensão social de uma parte da sociedade brasileira. Como vimos na campanha eleitoral, para eles é ofensivo as pessoas receberem Bolsa-Família, é ofensivo as pessoas participarem do Pro-Uni. A elite não se conforma com a ascensão social dos pobres que está acontecendo neste país”, completou o ex-presidente.
Lula defendeu a reforma política: “Qual a regra da democracia? Querem mudar, vamos mudar. Podemos começar transformando o financiamento privado de campanha em crime inafiançável”, disse.
Lula disse que a presidenta Dilma Rousseff tem que “levantar a cabeça e dizer: eu ganhei as eleições e vou governar. A Dilma não pode e não deve ficar dando trela, senão o país fica paralisado”. Outro recado foi dirigido à militância: “Sou filho de uma mulher analfabeta. de um pai analfabeto. E o mais importante legado que minha mãe deixou foi o direito de eu andar de cabeça erguida e ninguém vai fazer eu baixar a cabeça neste país. Honestidade não é mérito, é obrigação. Eu quero paz e democracia, mas se eles querem guerra, eu sei lutar também”, desafiou.
O ex-presidente também criticou os grandes veículos de comunicação do Brasil: “Não precisa mais de Justiça. Se a imprensa falou está falado. Mas cheguei à Presidência [da República] duas vezes sem ela.”
Confronto
Antes de começar o evento, manifestantes a favor e contra o PT se enfrentaram nos arredores da sede da ABI. Enquanto militantes petistas e membros da CUT e da FUP, a maioria com camisas vermelhas, reverberavam o ato na entrada da associação, um grupo de pessoas protestava contra o governo, inclusive pedindo o impeachment de Dilma. As divergências, manifestadas em uma movimentada avenida fluminense, culminaram na troca de ofensas e agressões físicas.
Manifesto de intelectuais
O movimento em defesa da Petrobras e do Brasil já havia sido esboçado em outra frente, na semana passada, em manifesto divulgado por intelectuais e personalidades de diversas áreas [relembre aqui]. Subscrito por 48 nomes em defesa do “governo legitimamente eleito” da presidenta Dilma Rousseff, o texto denuncia o que chama de “campanha” para enfraquecer a estatal e, consequentemente, a gestão da petista.
Vídeo da íntegra do discurso de Lula no ato da Petrobras:
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