Investigado na Lava Jato, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) recebeu aplausos e elogios durante depoimento à CPI da Petrobras. Único a pressioná-lo foi Ivan Valente (PSOL-SP), que sugeriu que o presidente da Câmara se dispusesse a abrir seus sigilos fiscal, telefônico e bancário. Cunha, no entanto, não autorizou a quebra de sigilos
A sessão da CPI da Petrobras desta quinta-feira, na qual foi ouvido o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), virou um verdadeiro ato de desagravo ao parlamentar. Cunha é um dos 47 políticos que tiveram abertura de inquérito autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por suspeita de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras.
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O deputado voltou a negar recebimento de propina e fez duras críticas a Janot, dizendo que o Ministério Público “escolheu” a quem investigar. Depois, foi elogiado por parlamentares – tanto da oposição quanto da base aliada – e, em determinado momento, chegou a ser aplaudido.
Diante dos poucos questionamentos e do massivo apoio a Eduardo Cunha, a deputada Clarissa Garotinho (PR-RJ) classificou a sessão da CPI desta quinta-feira como “vergonhosa”.
“Quero dizer que considero vergonhosa a reunião de hoje. Porque não cabe a nenhum parlamentar condenar a priori ninguém, tampouco absolver. E o que vi aqui hoje foi uma reunião de felicitações. Achei eu que estava na reunião da CPI. Cabe, portanto, a esta comissão, inquirir, indagar, questionar, perguntar. E foi o que menos vi na manhã de hoje”, afirmou a deputada.
A fala da deputada causou reação do deputado Carlos Marun (PMDB-MS), que disse que se sentia “atingido” pelas palavras. “Não reconheço nela autoridade moral para vir aqui fazer esse tipo de juízo em relação ao nosso trabalho. Ela tem o direito de fazer as perguntas que quiser, mas não de vir aqui, chegar no meio, e ainda apontar o dedo para todos nós como se meninos fôssemos”, disse Marun.
“Faço um pedido a vossa excelência para que não mais permita que acusações nesse sentido se façam nessa CPI”, completou o deputado, dirigindo-se a Hugo Motta (PMDB-PB), presidente da CPI e grande aliado de Cunha. Motta, então, disse que a deputada podia expressar sua opinião, embora ele não concordasse com ela.
Quebra de sigilo
Um dos únicos a pressionar Cunha foi o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), que sugeriu que o presidente da Câmara se dispusesse a abrir seus sigilos fiscal, telefônico e bancário “antecipadamente”, ou seja, sem uma determinação da comissão. A sugestão, no entanto, foi rejeitada por Cunha, que disse que não quer transformar o processo investigativo em “processo político” e prefere aguardar o entendimento da CPI.
Terra
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