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O perfil de Yanis Varoufakis, o ministro grego que tem chamado a atenção do mundo

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Marxista, filho de metalúrgico, professor universitário, blogueiro e economista especializado em teoria dos jogos: Yanis Varoufakis tem carreira intelectual que vai muito além dos trajes informais. Saiba mais a respeito do ministro das Finanças da Grécia

Patrícia Dichtchekenian, Opera Mundi

O ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, ganhou os holofotes da imprensa mundial logo na primeira semana do partido de esquerda Syriza no poder. Em primeiro lugar, foi visto viajando na classe econômica de um voo regular para realizar sua rodada inicial de encontros com líderes europeus. O percurso que, em si, já rendeu manchetes em veículos internacionais, chegou ao clímax quando Varoufakis apareceu de jaqueta de couro e botas desgastadas para a reunião com o chanceler do Tesouro britânico, George Osborne.

O contraste com a figura austera de Osborne serviu para consolidar a imagem casual de Varoufakis como a metáfora do desejo do Syriza de revitalização. De fato, o armário do ministro grego carrega consigo um simbolismo que sai da questão estética e atinge a esfera econômica. E a mensagem é simples: a Grécia desafia os alicerces que sustentam a tradicional política econômica da União Europeia.

No entanto, não se trata de um mero ato rebeldia de guarda-roupa. Muito mais do que parecer diferente, Varoufakis pensa, sim, diferente.

Nascido em Atenas em 1961, o ministro grego se mudou para o Reino Unido no fim dos anos 80, onde obteve doutorado na Universidade de Essex em matemática e estatística. Sua experiência acadêmica é marcada por passagens em universidades como de Cambridge, Sydney, Texas, Glasgow e de Atenas. Além de um currículo de prestígio como professor universitário, Varoufakis é um proeminente especialista em teoria dos jogos e um “errante marxista”, como ele se define.

Embora sejam muitas vezes deixados de lado pela imprensa internacional, esses atributos intelectuais são visíveis nos artigos que escreve, nas entrevistas que concede, na palestra que realizou para o Ted (fundação que organiza conferências com personalidades) e até mesmo nas postagens frequentes que realiza em seu blog particular.

Varoufakis é um marxista confesso, influenciado pelo teórico alemão desde pequeno. “Quando sou solicitado a comentar sobre o mundo em que vivemos não tenho alternativa a não ser recorrer à tradição marxista que forma meu pensamento desde a infância, marcada pelo meu pai metalúrgico que mostrou os efeitos da inovação tecnológica sobre o processo histórico”, diz em artigo.

Karl Marx foi responsável pela definição da minha perspectiva de mundo”, sintetiza o ministro. “Essa perspectiva dialética com a qual Marx discerniu o potencial de mudança no que parecia ser o mais imutável das estruturas sociais me ajudou a compreender as grandes contradições da era capitalista”.

Além do pai metalúrgico, a experiência de crescer em uma Grécia sob a ditadura neofascista de George Papadopoulos entre 1967 e 1974 também influiu na carreira intelectual de Varoufakis. Com frequência, o ministro expõe o receio de que a fragmentação da União Europeia crie ambiente propício para o restabelecimento de um fascismo pós-moderno.

Para combater esses fantasmas do passado, Varoufakis tem sempre como ponto de partida o esgotamento do próprio modelo econômico europeu. Como fiel marxista, ele sabe que a transformação da sociedade é resultado direto do desenvolvimento econômico. Por isso, aproveita em suas entrevistas, artigos e postagens em blog para examinar as tendências do desenvolvimento histórico da Grécia e a produção de um diagnóstico pós-crise de 2008, marcado pela falência do atual modelo das instituições financeiras europeias.

Deveríamos receber essa crise do capitalismo europeu como uma oportunidade para substituí-lo por um sistema melhor? Ou deveríamos estar preocupados em estabilizar novamente o capitalismo europeu? É menos provável que a crise dê à luz a uma alterativa ao capitalismo do que desencadeie forças perigosamente regressivas que têm a capacidade de provocar um derramamento de sangue humanitário ao extinguir a esperança de todos os movimentos progressistas para as próximas gerações”, conclui Varoufakis em artigo.

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