Renan Calheiros se rebelou contra o governo Dilma. Por trás da rebeldia está a tão aguardada lista da 'Lava-Jato'
Agora, com a notícia de que os nomes de Renan Calheiros (PMDB-AL) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ) constam na temível lista do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, você entendeu porque Renan está afrontando publicamente a Presidente Dilma Rousseff?
Presidente do Senado e da Câmara, Renan e Cunha, respectivamente, serão dois dos investigados no processo que será aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) em decorrência da Operação Lava Jato.
A recusa em comparecer ao jantar entre Dilma Rousseff e os senadores do PMDB, ontem, e a devolução da Medida Provisória do Ajuste Fiscal são afrontas que nem um presidente do Senado oposicionista faz, quanto mais um que diz ser da base aliada.
Renan, provavelmente, ainda acha que estamos nos tempos em que o Brasil era presidido por José Sarney e Fernando Henrique Cardoso, quando um presidente estalava os dedos e um processo parava.
Dilma avisou para quem quisesse ouvir: quem tiver de ser investigado, será. Renan queria que Dilma emparedasse Janot para que seu nome fosse removido do processo. A presidente, obviamente, não o fez. Só na cabeça de Calheiros o Procurador Geral da República é um ’empregadinho’ do Planalto
Rodrigo Janot, aliás, posou esta semana para fotos segurando cartazes levados por eleitores que estão longe de serem simpatizantes de Dilma.
Eduardo Cunha, que é muito mais esperto, já tinha recuado e mostrado prudência, tratando civilizadamente com a Presidente e recuado na ridícula regalia das passagens aéreas para cônjuges de deputados.
Os dois [Renan e Cunha] sabiam desde sexta-feira que teriam um pedido de abertura de inquérito.
Antecipação dos nomes
A presidente Dilma foi bastante criticada quando pediu para Rodrigo Janot revelar se havia algum dos seus indicados a Ministros envolvidos na Operação Lava Jato. Ao se recusar a divulgar nomes, o Procurador Geral da República atestou a independência do Ministério Público.
De todo modo, não há nada de errado em antecipar nomes envolvidos no processo, já que a medida nada influencia na decisão tomada. Revelar os nomes de Renan e Cunha foi um ato civilizado para com duas pessoas que, gostemos ou não, presidem as casas de um poder da República, o Legislativo.
Renan Calheiros, assim como outras figuras, não consegue admitir outras relações senão a de patrão e empregado, sobretudo aquelas mais mesquinhas, onde um fala e o outro obedece. Talvez porque estejam acostumados com isso.
Fernando Brito, Tijolaço. Edição: Pragmatismo Político
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