Professores de São Paulo mantêm greve e fecham avenida Paulista
Professores da rede estadual de São Paulo mantêm greve e rebatem Geraldo Alckmin: paralisação na rede pública é por condições de ensino
Em greve há quase duas semanas, professores da rede estadual de ensino decidiram manter a paralisação nesta sexta-feira (27). Os docentes, que fecharam a avenida paulista nesta tarde, reclamam que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) até agora não abriu negociação para receber a pauta dos educadores e segue minimizando a greve. Outro ato foi marcado para a próxima quinta-feira, dia 02, no Masp.
Geraldo Alckmin disse que “a paralisação não chega a 3% da categoria” e que as escolas estão funcionando. O governador também tentou minimizar a mobilização da categoria, afirmando que a greve é “política”
Em uma unidade em Sapopemba, na zona leste de São Paulo, não tem aula desde o início da greve dos professores. Ao contrário do que afirma o governador, 80% dos professores aderiram à paralisação.
“Tanto o secretário, como o governador estão indiferentes com a situação precária, com o caos na educação, no estado de São Paulo. Indiferentes, e ainda dizem que não existe greve. É mentira. Existe greve, sim”, afirma o professor Cristiano Pereira de Andrade.
Em outra escola, no Parque São Rafael, na zona sul da capital, apenas um terço dos professores está trabalhando. No portão, a diretoria colou cartazes informando quais turmas teriam aula normal, só que a informação é desmentida pelos alunos, que afirmam não ter aulas.
A estudante do 3º ano do Ensino Médio Gisella Matrone, de 17 anos, é uma das alunas da Escola Estadual João Dias da Silveira, da zona leste, que participa do ato dos professores. “Cortaram toda a verba de manutenção da escola. O mato está alto, falta pintura”. A estudante diz que está no protesto “pelo futuro dos filhos”. “Eu já estou indo para o vestibular, mas luto pelo futuro”, disse.
Vinicius de Oliveira, de 15 anos e aluno do 1º ano, afirmou que só alguns professores estão dando aulas na unidade. “Vim para apoiar que eles ganhem salários melhores”, afirmou.
A professora de Língua Portuguesa Melissa Cruz, de São Bernardo do Campo, afirmou que muitos docentes estão com “medo” de aderir à greve, mas que a insatisfação é geral. “As salas estão superlotadas. Ensino fundamental com 40 alunos, Médio com 50. As reposições salariais são ilusórias”, disse.
Reivindicações
Entre as principais reivindicações da categoria, com data-base em 1º de março, estão o fim da superlotação da sala de aulas com turmas de até 25 alunos, alteração na contratação dos professores temporários e reajuste de 75,33% para equiparação salarial com outras categorias de formação superior.
Segundo a presidenta da Apeoesp (sindicato da categoria), Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, as demandas dos professores são conhecidas pelo governo desde o ano passado e o estado tem condições de atendê-las.
“Resolvi aderir a essa greve porque a gente chegou a um estado em que não dá mais. Na escola em que trabalho, por exemplo, os alunos estão sem cadeiras, sem carteiras. Não tem carteiras para alunos, não tem carteira para professor”, relata a professora Valéria Tenório de Almeida.
O governador Geraldo Alckmin alega que a greve é prematura porque foi aprovada no ato político do último dia 13, sem ao menos uma negociação. Mas, segundo a presidenta da Apeoesp, desde o início do ano os professores vêm solicitando reuniões para negociar a campanha salarial.
informações de RBA e Agência Estado